Budismo
China cede em se reunir com emissários do Dalai Lama
Governo chinês aceita se reunir com emissários do dalai-lama
"Espera-se que o dalai deixe de tramar para incitar a violência e de sabotar os Jogos Olímpicos", diz Pequim
Agências internacionais
O dalai-lama nega responsabilidade por revoltas e protestos que começaram em março
Efe/ arquivo
O dalai-lama nega responsabilidade por revoltas e protestos que começaram em março
PEQUIM - Membros do governo central chinês devem se reunir nos próximos dias com representante particular do dalai-lama, líder espiritual e político tibetano no exílio, informou a agência oficial de notícias Xinhua, que citou fontes oficiais que não quiseram se identificar.
"Em razão dos repetidos pedidos realizados pelo dalai-lama para retomar o diálogo, os departamentos pertinentes do governo central manterão um contato e consultas com o representante particular do dalai lama nos próximos dias", assinalou um funcionário. "A política do governo central em relação ao dalai lama foi coerente e a porta do diálogo permaneceu aberta", acrescentou a fonte citada pela Xinhua.
"Espera-se que através destes contatos e consultas, o dalai tome decisões críveis para frear as atividades destinadas a separar a China, que deixe de tramar para incitar a violência e de interromper e sabotar os Jogos Olímpicos de Pequim, o que criará condições para o diálogo", assinalou o funcionário.
A China acusa o dalai-lama de tentar a independência do Tibete e de ter incentivado os protestos de 14 de março, nos quais, segundo o governo, cerca de 20 civis morreram nas mãos de tibetanos violentos e, enquanto os ativistas tibetanos no exílio cifram em mais de 100 as vítimas da posterior repressão militar chinesa. O líder espiritual, exilado na Índia desde 1959, deixou nos últimos anos de pedir a independência do Tibete, e negou reiteradamente sua responsabilidade nas revoltas de março.
Genocídio cultural
Desde meados de março, quando eclodiram violentos protestos pró-independência na capital da região, Lhasa, países do ocidente têm demonstrado apoio à minoria tibetana, que liderada pelo dalai-lama acusa a China de cometer um “genocídio cultural”. A China, por sua vez, alega que o “bando do dalai-lama” orquestrou a série de protestos pró-Tibete para sabotar os Jogos Olímpicos de Pequim, em agosto, e despedaçar a unidade nacional do país.
As autoridades estariam esperando o líder budista “parar de tramar e incitar violência e parar de sabotar os Jogos Olímpicos de Pequim, a fim de criar condições ao diálogo”, publicou a imprensa estatal.
Na quinta-feira, num prenúncio da decisão divulgada nesta sexta, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que a China vinha dando sinais de que estaria pronta para dialogar com o líder budista e defendeu a pressão exercida pela França sobre o país asiático. “É preciso dar mais autonomia à província do Tibete. Deixem as autoridades chinesas demonstrarem o mesmo pragmatismo que mostraram com Hong Kong” afirmou Sarkozy em entrevista à TV francesa.
Há cerca de duas semanas, fortes protestos pró-independência tibetana interromperam a passagem da tocha olímpica por Paris, dando início a uma onda de boicote e animosidades entre franceses e chineses.
Produtos e empresas francesas, como a rede de supermercado Carrefour, sofreram com boicote dos consumidores chineses, que se mobilizaram para contestar a liberdade que Paris deu aos tibetanos.
Durante um encontro na quinta-feira com o presidente do Senado da França, Christian Poncelet, em Pequim, o presidente Hu Jintao afirmou que o povo da China está sentido com as ações “inamistosas” dos franceses. “Esses eventos não são o que esperamos ver e eles machucam os sentimentos dos chineses”, afirmou Hu.
Pressão
Organizações não governamentais ocidentais têm pressionado políticos a se posicionarem contra a China em relação ao Tibete e ao desrespeito aos direitos humanos. A presidente do Congresso americano, a democrata Nancy Pelosi, se encontrou com o Dalai Lama em março, e os pré-candidatos à Presidência Hillary Clinton e Barack Obama criticaram abertamente a China.
Mas apesar de inúmeros políticos da Europa e dos Estados Unidos questionarem a política da China para o Tibete, ainda não houve confirmação de maiores rupturas diplomáticas. O presidente americano, George W. Bush, afirmou que comparecerá à abertura das Olimpíadas e o primeiro-ministro britânico Gordon Brown acompanhará o encerramento.
(Com BBC Brasil e Efe)
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