Explicação do Sutra do Amor
Budismo

Explicação do Sutra do Amor




 PALESTRA DO VENERÁVEL DHAMMADIPA
Florianópolis, 25.02.13

Explicação do Sutra do Amor


Aquele que pretende tornar-se auto-realizado deve praticar três tipos de ensinamento que o Buddha proferiu, são eles: sila, samadhi e panna, ou “moralidade, concentração e sabedoria”. Este sutra tenta explicar isso e vou traduzi-lo, na verdade, tentar traduzir, para o inglês o seu significado. Ele explica precisamente como libertar a mente com a ajuda da prática de sila, samadhi e panna.
{Recitação do Karaniya Metta Sutta em Pali}

Este é o sutra, agora seu significado. Como havia mencionado, este sutra está dividido em uma parte explicando sila, relacionado à prática do amor, seguido da concentração no amor e finalmente uma curta parte, com a explicação da sabedoria necessária para libertação da mente.
Então, vamos à primeira parte explicando “SILA”. Considero este ponto tendo grande relevância no Zen. A parte sobre sila visa apenas explicar as virtudes necessárias para libertar o coração. De acordo com meus estudos sobre o Zen, concluí que todos os grandes mestres do Zen enfatizaram exatamente as mesmas virtudes. O sutra, então, diz “Karanīyamatthakusalena, yantam santam padam abhisamecca”. Aquele que pretende estabelecer-se na paz, também explicada como nirvana, deve ser assim:

Sakko, ele deve ser capaz. Portanto a primeira virtude é capacidade. O que significa ser capaz? Significa fazer de fato aquilo que decidiu fazer. Quando decidiu praticar o Zen, que de fato pratique o Zen. Devemos agir de acordo com aquilo que decidimos. Buddha é aquele que sempre faz o que diz. Pelo fato de sempre fazer o que diz, ele é bem-sucedido em tudo. Isso é o que capacidade quer dizer.

Uma vez que alguém seja capaz, a próxima virtude, dentre todas as virtudes, é a única proferida duas vezes. Logo, isso significa que Buddha enfatizou especialmente esta como sendo a mais importante. Ele fala “ujū ca suhujū ca”, ele deve ser reto, e reto de fato. Então quando alguém é capaz, esta pessoa torna-se reta. E muito reta. Retidão é, na verdade, a base de toda prática. Tal retidão também deve estender-se às suas relações. As relações, sejam elas com marido, esposa, pais, irmãos ou irmãs, podem apenas ter sucesso se dotadas de retidão. Vejam o quão importante é esta retidão dentro da Sangha. Esta é, de fato, a base para uma comunidade de sucesso.

O oposto da retidão é a desonestidade. Quando alguém não é desonesto, a próxima virtude é sūvaco, ele torna-se uma pessoa sempre pronta a ouvir. O oposto de sūvaco é dūvaco, que significa aquele com o qual temos grande dificuldade de conversar por não ser um bom ouvinte. Literalmente sūvaco significa ouvir bem, de forma que dūvaco significa não ouvir nada bem. Em Pali ou em Sânscrito, isso implica em ser obediente. Aquele que é reto, também tende a ser obediente. Apenas assim sua retidão será genuína. Este é também um importante princípio no Zen. Apenas aquele que é reto e ao mesmo tempo obediente, poderá ter sucesso no Zen. (continua)



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