O jejum no Zen Budismo
Budismo

O jejum no Zen Budismo




Aluna: Existe a prática do jejum no Zen?
Monge Genshô:
Há mestres que recomendam o jejum para os monges como prática para curar as doenças, mas como nós praticamos todos juntos não é permitido você fazer jejum no sesshin. Existe um mestre no Japão, num local onde esteve meu mestre, onde eles fazem jejum de 10 dias, e eu vi Saiwaka Roshi fazer esse tipo de jejum,  tem certos riscos você passar 10 dias só bebendo água, você precisa estar bem para fazer isso, e o problema não é tanto o jejum, os dias de jejum, é a saída, voltar a comer, como retornar a essa vida, isso tem que ser cuidadoso, etc. Mas jejuns de 1 a 3 dias não são complicados. Porem não faça jejum de mais de 1 dia sem beber água. Uma técnica fácil é fazer de uma janta até a outra janta, são 24h. Você jantou de noite, e não comeu todo o dia e janta no dia seguinte, o efeito geralmente é maior sensibilidade, você fica mais emotivo, mais sensível. O cérebro é muito plástico, à medida que você cultiva determinados sentimentos, eles se reforçam. Isso funciona para o bem e para o mal. Você pensa constantemente em raiva, você se torna cada vez mais raivoso. Se você expressa, mais ainda. Se você age, mais ainda. Mas isso também vale para compaixão, amorosidade, como todas as emoções positivas.

Mas se você quer que seu cérebro mude, você tem que cultivar e prolongar as coisas positivas. Ontem, eu falei,  cuidado com o que você vê. Você está alimentando a mente, e acaba colocando para fora o que você “ingeriu” de informação. Então você tem que tomar cuidado com o que faz, e pode nutrir a mente através do cultivo das emoções positivas, das coisas boas.

Às vezes, as pessoas dizem: “o budismo parece que cultiva a indiferença, falta de desejo, então a pessoa vai ficar uma pessoa insensível”. Nada disso! Tudo que eu conheço dos mestres Zen é o contrário como vocês já devem ter percebido, às vezes até atrapalha, porque você se emociona demais, mas é resultado de você cultivar sentimentos de gratidão, compassividade, amorosidade com as pessoas. (continua)



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