Budismo
Quem cria movimento é o carma
Pergunta – Como lutar contra a violência sem promover mais violência?
Monge Genshô – Em algumas situações não há outra solução. Isso já foi perguntado à Buda há dois mil e seiscentos anos, policiais, soldados etc., como devem agir? Em determinadas circunstâncias você tem que lutar, não tem como escapar. O que interessa para o Budista é mudar a si próprio, se mudarmos suficientemente bem, nossa próxima manifestação poderá ser num mundo melhor ou em um país melhor.
Pergunta – Como diferenciar ações e pensamentos egóicos de um pensamento que venha de nossa essência e que tenha uma intenção verdadeira de fazer o bem?
Monge Genshô – Não tem nada que venha de nossa essência pura, nossa essência pura é perfeitamente livre e pode manifestar qualquer coisa, ela não é bondosa ou maldosa, pense na analogia do mar, a água do mar é só água. Mas em um movimento como um tsunami ela é destruidora e pode matar. Em um processo de dessalinização ela pode transformar-se em água pura e boa para beber e salvar vidas. A água em si não possui intenção ou propósito. Assim é a vacuidade, quem cria movimento no universo é o carma. Com seus pensamentos, palavras e ações é que você cria os movimentos de sua mente. Não existe um lugar chamado essência pura onde você vai buscar uma bondade ou amor fundamental, no Budismo não existe isso. Esse é um problema teórico interessante para o Budismo, porque no fundo desse pensamento está a idéia de um Deus bondoso por trás de tudo.
Pergunta – Mas então eu poderia falar que a sabedoria seria uma forma de manipular o ego, pois mesmo após a iluminação ainda possuo um eu.
Monge Genshô – Sim, é claro, você o usa. Você precisa de seu “eu”, não é que ele seja ruim ou bom, ele é necessário, você precisa dele para transitar no mundo. O que você não pode fazer é confundir-se com seu “eu”. Você não é seu “eu”. O “eu” é uma fantasia que você veste para viver no mundo. Quando você tira a fantasia, pendura num cabide olha para ela e diz, “Ali estou “eu”?”, isso está errado. Vivemos pensando que temos identidades e fantasias. Usamos fantasias diariamente, bancário, advogado, monge, policial, capitalista, comunista etc., todas são fantasias que podem inclusive ser trocadas. Todas as coisas que formam o “eu” são como fantasias.
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