Relato espírita de um Budista.
Budismo

Relato espírita de um Budista.


A primeira parte do e-mail que recebí são idéias e a segunda um relato. Tanto o Wanderson como eu sabemos que esta é uma questão "delicada" de ser abordada ou de ser contada como relato, mas mesmo assim, ele me permitiu publicar no blog porque achamos que será interessante e esclarecedor para muitos.

O kardecismo realmente é fascinante. É considerado a ciência dos espíritos. De fato tem muito estudo e muitos relatos de verdades. Quem vive esta experiência não tem como contestar. É real. Existe. Mas não podemos deter todo conhecimento. Nem no kadercismo, nem no budismo, cristianismo, nem em religião nenhuma.

O que o budismo Nitiren Daishonin propõe, e que eu de fato entendo, é uma filosofia libertadora.

Liberta não disso ou daquilo, fatos corriqueiros da vida.... ele liberta você de todo apego mundano, toda ilusão maya. O mundo em que vivemos, esse email, essa tela de computador, a nossa casa, nossa sociedade, corpos, planeta, tudo quanto é matéria, tudo, tudo é ilusão. Não é um mundo real, a realidade tem outro significado, não é maior, nem menor, apenas existe em outra condição que não entendemos agora, podemos perceber a pontinha desse iceberg, mas há muitos mistérios.

O budismo Nitiren se preocupa com aquilo que é mais urgente
para cada um de nós.

Imagine um doente no leito de um hospital, agonizando. Ele toma os medicamentos de hora em hora, aplicam lhe soro e dão todos os cuidados necessários. Seria eficiente, mostrar para essa pessoa, nesse momento, as últimas descobertas da física, antropologia ou arqueologia?

Seria ideal ensinar um língua como o francês? É importante ele saber como andam as bolsas de valores do mundo e as relações políticas de cada país? Não. É óbvio. Todos esses assuntos têm grande importância para nosso mundo, para nós mesmo, quando perfeitamente sadios e na ativa, trabalhando e produzindo.

Nossas relações subjetivas são exatamente iguais. O capítulo Hoben do Sutra de Lótus, que recitamos todos os dias, diz exatamente isso. (você tem a tradução?)

Vivemos doentes, embriagados pela ilusão da matéria. Sofremos porque nos apegamos e temos desejos e emoções muito baixos. O budismo Nitiren propõe a chave de ouro para a entrada à iluminação.

Então, ainda que os espíritos se comuniquem, se deus existe, se é Lei mística, se há reencarnação ou isso ou aquilo não é assunto de urgência para nós moribundos.

Necessitamos de eficácia, tomar o remédio certo e urgente (Nam-myoho-rengue-kyo) para nos livrarmos das doenças do ódio, da fome, do inferno, da alegria, da calamidade, das promessas impermanentes de bem estar e vibrar na verdadeira vida de luz e riqueza que são os estados de Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda.

Acredito que isso não me impede, nem você de buscar conhecer os encantos do mundo, olhar atendo, crítico e desapegado.

O nosso Sensei empreende esforços recomendando para lermos mais de 100 obras de variados assuntos e autores. Então ao invés de estudarmos kadercismo, vamos estudar o cristianismo, o alcorão, as religiões pagãs, wicca, enfim, tudo pode ser visto, o budismo não proíbe nada, tudo é conhecimento .... no fim você irá entender, como eu entendi, e por isso abandonei o espiritismo, que o que vale é o caminho direto, os outros são longos e ilusórios atalhos, embora o destino seja o mesmo.

Eu entendo que a postura de busca sempre iluminará mais o budista. Eu estudo de tudo. Tarot, numerologia, religiões, runa , I Ching, teosofia, astrologia, e um punhado de outras coisas, mas permaneço sereno e fiel junto ao nosso grande mestre Sensei, pois tudo o resto é ilusão.

Espero de coração poder ter contribuído para sua reflexão. Não sou dono da verdade ninguém e nada é.

Parte II

Eu fui espírita kardecista por aproximadamente 15 anos.

Neste período me dediquei a estudar a doutrina. Li os livros dos espíritos, dos médiuns e o evangelho segundo o espiritismo, entre outros.

Fiz vários cursos: Curso de desenvolvimento mediúnico, curso de passes espirituais, curso de terapias espirituais....

Desenvolvi minhas muitas mediunidades: psicografia, psicofônia, desdobramento, clarividência, ouvia o mundo espiritual, pictografia, entre outros....

Trabalhava no centro assiduamente às segundas, terças, quintas e sábados.

Foi um período muito bom na minha vida. Aprendi muito. Foi lá que aprendi sobre a lei de causa e efeito, reencarnação e vida após a morte.

Na época que ouvia espíritos e me comunicava com eles não percebia nenhuma conduta de baixo estado de vida. Pelo contrário, vivia feliz e muito mais equilibrado antes mesmo de chegar lá no centro.

Com o kardecismo aprendi a administrar melhor minha sensibilidade e desenvolver minha autocura. Acrescentou em muito as técnicas de autopasses, por exemplo. Cheguei a ter bons amigos espirituais que me acalentavam muito, os bons espíritos me assistiam e me passavam mensagens que ajudou em muitos períodos de crise, cresci e realizei uma verdadeira reforma íntima no meu ser.

Quando fui convidado a ser budista (e dia 06/07/2011 fez três anos) pensei muito nessa mudança. Deveria haver um significado maior nesta religião que superasse minhas expectativas diante do espiritismo cristão.

Eu já estava cansado do cristianismo, acredito que a mensagem do Cristo, um verdadeiro Buda, foi totalmente deturpada e moldada às manipulações do clero interesseiro e egoísta. Nada tem haver hoje a Bíblia dos verdadeiros propósitos do Cristo. [opinião minha].

Eu já percebia também que o espiritismo passa uma mensagem subliminar de pedinte. Você é encorajado a se libertar de várias amarras karmicas, mas ao mesmo tempo, a essência da doutrina te põe aos pés de um deus superior, espíritos superiores, anjos, mentores, o qual você tem que pedir, pedir, pedir...

Lembro de várias orações que praticávamos, além das espontâneas: Pai nosso.... o pão nosso de cada dia DAI-NOS hoje.... Senhor, FAZEI-ME instrumento de vossa paz.... perdoe nossos pecados... dai nos a fé e a razão, dai nos a caridade pura.... dai... dai... dai..... peço perdão, perdoai, perdoai...

Entendi, tempos depois, que não devia pedir perdão por nada. Que não existe nada e ninguém superior. Somos todos iguais, veja a contradição cristã:

"Deus fez o homem a sua imagem". Oras, se você faz alguém a sua imagem, como pode ser superior a ela? Deus é deus.

Ainda somos dotados de fraquezas e mazelas, mas o cristianismo prega um deus fora de você, uma cura fora de você, uma felicidade fora de você, distante, vindoura, num lugar que não é esse, não está em você.

Os cristãos só fazem lamentar, pedir para que se retire o mal, para que cessem os sofrimentos..... "oramos ao senhor nosso deus para que haja paz no mundo, pedimos que nunca nos deixe sofrer, oramos para nos conduzir pela paz, pedimos sua benção, pedimos que me perdoe, pedimos, pedimos.

Descobri no budismo de Nitiren Daishonin que não devemos pedir nada nem a deus, nem a ninguém. Somos responsáveis exatamente por aquilo que temos.

Se minha vida vai mal, não é castigo, é consequência. Isso significa que fiz algo antes que desencadeou o que vivo agora. Se quero um futuro melhor, de paz, saúde, prosperidade, "benção" ou boa sorte. Ninguém vai me dar isso, ninguém mesmo.

Eu é que tenho que fazer causas positivas, desafiar meu karma, talvez de preguiça, talvez de reclamão, de intolerante, de vítima, de ódio, eu e somente eu, tenho o destino nas minhas mãos, eu vou mudá-lo, eu transformo meu karma, minha vida e meu mundo a partir de bons atos, bons pensamentos, boas atitudes, ou seja, com criação de novos valores efetivando uma verdadeira revolução humana na minha vida.

Como pode, por exemplo, você tratar bem as pessoas que convivem com você, com amor, respeito, valorização, dar bom dia as pessoas de seu bairro, comunidade e cidade. Honrar seu pai e sua mãe, tecendo o diálogo com eles, sendo verdadeiro. Sendo menos mesquinho e possessivo nos relacionamentos amorosos, sendo menos sovina com seu dinheiro, menos capitalista e materialista.... adotar o humanismo como padrão de vida, semear a paz, conduzir as pessoas ao verdadeiro estado de felicidade.... como.... como ainda assim, você vive em lamentação, doença e desgraça? Não.

A partir do momento que você muda, que você transforma seu karma, que você se responsabiliza pela sua vida, por tudo que vive nela, que você tem que mudar sua sorte, seu destino, ninguém, nenhum deus irá interferir.

Porque você encontrou a verdadeira felicidade, é realmente feliz, independentemente das condições, nada é problema ou sofrimento, tudo é boa sorte e oportunidade de evidenciar o verdadeiro buda que existe dentro de você. Evidenciar o Deus que mora em você. Evidenciar o paraíso prometido que está dentro de você, com você e agora.

Foi isso que aprendi no budismo e selei de fato minha conversão à essa maravilhosa doutrina, filosofia e religião. O budismo é algo realmente libertador e encorajador para fazermos de nossas vidas exatamente aquilo que desejamos, sem precisar intermediários.

Nam-myoho-rengue-kyo.

Estou aberto para novos diálogos, gosto muito.

Wanderson Nunes Ferreira
Converti-me em Corumbá/MS e sou filho dessa terra, de Jardim.



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