Budismo
Só o que está dentro de sua cabeça
(continuação de palestra em Brasília, 2014)
Monge Genshô: Há uma historinha de que uma vez levaram um estrangeiro para um parque da Disney e passaram o dia inteiro, entrando em montanhas russas, filas, sempre aguardando a próxima surpresa, brinquedos que apelam para os seus medos fundamentais, de altura, de medo, fantasias etc. Então perguntaram ao estrangeiro o que ele tinha achado ao final, e ele disse: “que povo triste vocês devem ser”.
Vejam outro exemplo, existem muitas pessoas que assistem novelas e cujas vidas passam a ser as novelas. Só discutem a novela, tentam interferir, dão palpites, escrevem para a empresa de televisão, a empresa até muda os roteiros em função das opiniões das pessoas que estão assistindo porque, o negócio real da televisão, é o máximo de ibope, porque o vendedor vai à frente do comerciante e diz quantas TV´s estão ligadas naquele determinado horário, e é isso que dá o valor do anúncio. Quanto mais audiência, mais caro. Esse é o verdadeiro interesse.
Então, estávamos falando sobre quais são as armadilhas que as pessoas usam para escapar da vida. Para escapar da realidade, você vai se divertir. Agora vejam bem qual é a técnica desenvolvida no Zen, a tanto tempo atrás, porque a diversão não é nova, antigamente os homens usavam jogar cartas, olhar pela janela e criar fofocas, os jogos de guerra, etc, porém o mecanismo é o mesmo, escapar da realidade da vida para uma vida falsa, que foi construída. E essa vida tem extremo poder, tão grande poder que as pessoas começam a confundir a vida falsa criada com a vida real.
Então o que nós fazemos com o praticante do Zen? Dizemos: Venha cá. Eu não vou dizer o que você vai ver, não vou dizer nada do que é a realidade, mas eu vou sentar você numa almofada de frente para uma parede branca, sozinho. Ninguém para conversar, todos estão em silêncio, nós estamos aqui, você vai ficar quieto e olhar para a parede. Qual é o material que você tem? Só o que está dentro da sua cabeça. (continua)
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