O sofrimento do sofrimento é próprio da vida humana: todas as formas de sofrimento físico e mental relacionadas ao nascimento, ao envelhecimento, à doença e à morte, assim como estar ligado ao que se detesta, estar separado do que se ama e não realizar o que se deseja.
Quando uma coisa ruim acontece logo após outra, e as situações estão indo de mal a pior, podemos achar que estes são momentos de azar, mas, na realidade, eles expressam algo bem mais fundamental: a nossa própria impotência frente à realidade imediata. E quando estamos impotentes, não temos saída senão aceitar as coisas como se dão. Essa é a grande sabedoria que as situações de sofrimento contínuo têm a nos ensinar.
-NÍVEL 2: SOFRIMENTO DA IMPERMANÊNCIA:
Associado ao apego a experiências prazerosas e a dor de seu término.
Impermanência:produção e desintegração constantes. Existem 2 tipos:
Densa:transitoriedade da vida , envelhecimento e inevitabilidade da morte.
Sutil:transitoriedade das coisas, mudança constante de momento a momento.
O sofrimento produzido por mudança é expresso na busca de prazeres e de estados de alegria transitórios, que levam a mais sofrimento por sua natureza provisória e inconsistente.
Esse tipo de sofrimento também ocorre quando nos recusamos a admitir a natureza impermanente da vida. Apesar de intelectualmente sabermos que tudo muda constantemente e de modo imprevisível, emocionalmente lutamos para aceitar esta verdade. Ao fazermos isso, nos sentimos inseguros, nada nos parece confiável e tudo se torna insatisfatório para nós.
A realidade externa é, por natureza, incerta, portanto, não podemos ter garantias com relação a ela. A pessoa insegura é justamente aquela que busca controlar a realidade externa. A pessoa segura é aquela que aceita a sua insegurança.
Os mestres budistas, vivem a vida, ao invés de tentar controlá-la.
-NÍVEL 3: SOFRIMENTO DA EXISTÊNCIA CONDICIONADA OU DA EXISTÊNCIA NÃO ILUMINADA:
Associado a ignorância de não compreender e não saber como sair da existência cíclica
Na maior parte do tempo, lutamos contra a realidade da existência do sofrimento. Buscamos desesperadamente dicas para driblá-lo, na esperança de que seja possível evitá-lo. Mas a Primeira Nobre Verdade nos ensina que nada disso adianta. Enquanto houver ignorância, haverá sofrimento.
É preciso encarar o sofrimento para eliminá-lo. Encarar aqui não significa desafiar, e sim, simplesmente pôr-se diante dele para conhecer sua natureza, sem julgá-lo como justo ou injusto.
O que intensifica a dor de um sofrimento é o sentimento de indignação frente a ele, ou seja, é a nossa exasperação diante do sofrimento que faz com que ele aumente e tome conta de todo o nosso ser.
Uma vez que aprendemos a nos responsabilizar pela maneira como lidamos com o sofrimento, passamos a entender que não precisamos nos tornar vítimas dele.
Nos tornamos vítimas do sofrimento quando não o aceitamos e lidamos com ele como se ele estivesse fora de nós, projetando, assim, a causa de nossa dor nos outros. Acolher o nosso sofrimento é o único modo de sair do ressentimento e das projeções.
É preciso ter empatia por nosso sofrimento: ter compaixão por ele, isto é, despertar um interesse genuíno por conhecê-lo e querer transformá-lo.
É importante compreender como a pessoa vivencia e interpreta uma situação, e sentir empatia pela realidade simbólica dessa pessoa. Quando a parte da pessoa que se identifica com a realidade do esquema sente que está recebendo empatia, ela pode começar a se abrir a outras perspectivas, o que inclui começar a perceber como a lente do esquema distorce suas percepções e reações.
Se não formos empáticos com nosso sofrimento, poderemos buscar esta empatia no reconhecimento alheio. Isto é, muitas vezes, sem nos darmos conta, alimentamos o sofrimento por meio de lamentações que nada mais são do que tentativas de sermos reconhecidos, pelos outros, por aquilo que estamos passando. Mas, de fato, este reconhecimento pouco nos ajuda. Será ao sentir compaixão por nós mesmos, que conseguiremos parar de nos lamentar e decidir, de fato, fazer algo para sair do sofrimento.
2-SOFRIMENTOS SECUNDÁRIOS:
-Dor de sermos separados daqueles que amamos por circunstancias existencial(guerra,catastrofes)ou morte
-Dor se sermos obrigados a conviver com quem não queremos ou vivenciar situações desagradaveis(assalto...).
-Dor de não conseguir realizar um sonho(casar, enriquecer...).
-Dor de perder posses e realizações.