Um sonho vívido
Budismo

Um sonho vívido




Pergunta: Somos nós também parte do fluxo cósmico?
Resposta: Sem dúvida nenhuma.Nós é que pensamos que não somos. Nós é que pensamos que somos eu aqui agora e depois eu nasci e eu vou morrer porque eu estou pensando e olhando e vendo os outros, porque eu estou vendo então é um sonho .Eu estava conversando sobre isso com Saikawa Roshi e eu disse... é um sonho. E ele disse, assim: mas é um sonho tão vívido... porque o que acontece aqui agora, é o nosso sonho de que estamos aqui agora sentados ouvindo uma palestra do Dharma num retiro, é um sonho muito vívido.
E a pergunta é: mas  se se apaga  meu cérebro, se eu morro, onde está esse universo? Quem sou eu realmente? No budismo nós queremos responder essa pergunta com uma percepção profunda em vez de ficarmos nos iludindo com histórias de que somos uma alma que vai trocando de corpo ou espírito ou coisa assim, nós queremos atingir essa compreensão profunda do sonho do nosso eu aqui agora e descobrir e perceber que nós não somos essa pessoa que nasceu e vai morrer. Nós não somos estes condenados à morte que estão todos sentados aqui nessa sala e isto é que significa libertar-se da morte também e de todos os apegos e sofrimentos. Esta é a liberdade, entender, alcançar a nossa verdadeira natureza que não é a desse ser que está aqui agora com esse corpo, vivendo o primeiro dia do resto das nossas vidas a cada dia. Esta idéia é bem clara, amanhã começa o resto das nossas vidas. Amanhã é o primeiro dia desse resto. Está terminando e cada dia não se repetirá. É menos um. 
Mas quem somos nós? Estamos pensando isso, esse fenômeno do nosso cérebro funcionando, essa ilusão que fecha os olhos, dorme e tem outra ilusão, quem somos nós realmente além desse sonho momentâneo? Esta não é uma resposta para ser dada com uma solução de fé. No Zen o monge não vem aqui e diz assim: é assim, acreditem. Não é assim, tentem e descubram através da meditação quem são realmente, porque posso dizer algumas coisas a respeito, mas não posso dar respostas para ninguém, todo mundo tem que ver com os seus próprios olhos. Quando a gente consegue responder a pergunta “quem é você?” para um mestre, de forma satisfatória, é uma libertação deste papel que estamos representando, é uma solução, é uma realização espiritual libertadora e é isso que a iluminação é – libertação dessa condição de nascimento e morte. 

"Transcendente.
Não algo a ser transcendido,
mas a vida de cada um de nós é transcendente.
Essa é a vida que estamos vivendo,
e, quando você realmente compreende isso,
significa compreender o que é o todo,
não fica tão difícil,
e vivê-lo também não.
Você compreende que não existe
outro jeito que você possa viver.
Não é algo
que deva tentar realizar
amanhã."
(Maezume Roshi)




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