A tentativa do governo da China de mostrar que a situação no Tibete está controlada fracassou. Depois de proibir o trabalho da imprensa estrangeira no território durante os protestos das últimas semanas, Pequim convidou os jornalistas a visitar Lhasa nesta quinta-feira. A visita, porém, foi interrompida por um grupo de monges budistas -- eles gritaram palavras de ordem, defenderam o Dalai Lama e acusaram o governo chinês de mentir.
A visita corria dentro do previsto pelos chineses, ansiosos para acabar com a imagem negativa deixada pela onda de tumultos. Quando os jornalistas chegaram ao templo de Jokhang, porém, ouviram gritos dos monges. Um deles gritou "o Tibete não é livre" e começou a chorar. Outro disse que a revolta em Lhasa "não tem nada a ver com o Dalai Lama" -- a China culpou o líder espiritual pela organização das manifestações.
Ainda falando aos jornalistas, os monges revelaram que não puderam sair do templo -- um dos principais do Tibete -- desde que os protestos começaram. Instantes depois, seguranças do governo chinês interromperam as entrevistas com os monges, ordenaram que os jornalistas saíssem do templo e tentaram empurrá-los para fora. A área ao redor do templo foi cercada pela polícia. Mas era tarde demais: a propaganda estava arruinada.
Antes de visitar o templo, o grupo de jornalistas foi a um hospital e a uma loja. A China diz que cinco meninas morreram queimadas por culpa dos manifestantes no local -- relato que não é confirmado pelos tibetanos. De acordo com uma repórter do jornal britânico Financial Times, boa parte da cidade parece uma zona de guerra, com prédios queimados e destruídos, comércio fechado e pelotões de soldados a cada esquina.
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