Budismo
BUDISMO SEM SEGREDOS
Para os budistas não há nenhuma salvação vinda de um deus ou de deuses. Não há nada de eterno no universo e não há uma alma que necessite ser salva. O Caminho Espiritual é uma via heroica, sem nenhum "elemento externo" que determine seu êxito. Por isso, no Budismo, se fala em Libertação das cadeias da Ilusão, Libertação da ideia de um 'eu-permanente', isso tudo, porém, sem perder o otimismo em relação ao sentido da vida.
Buda, quando disse ser possível vencer os sofrimentos, não se referia a fazer com que magicamente a realidade deixasse de ser impermanente. Seus ensinamentos procuram mostrar que, enquanto estivermos iludidos com ideias de eternidade, só agregamos sofrimento a nossas vidas. Ilusão gera expectativa e expectativa sempre gera sofrimento. Assim, é preciso entender e se conformar com as regras da vida, deixando as ilusões da felicidade egoísta para trás.
Do Blog Roda da Lei
Nesta matéria gostaria de apresentar aspectos e orientações sobre o budismo de uma forma bastante sintética, para que os leitores que pretendam iniciar-se ou compreenderem algo sobre essa filosofia milenar o façam de forma rápida e com as informações principais em um só texto.
Primeiramente o Budismo, primordialmente não “nasceu” com um contexto religioso, como um neo-hinduísmo, ou uma religião neo-bhramanica, a sua “perfusão” inicial era caracterizada pela disseminação do Buddha Dharma como uma técnica direta, simples e objetiva, que tinha por finalidade última a obtenção da permanência de nossa mente no estado de Buddha, conhecida como despertar, iluminação, budeidade etc. Que nada mais é do que um estado mental de total e amplo conhecimento da verdadeira natureza dos fenômenos, estado esse obtido através da prática de vários preceitos, entendimento de certos conceitos e aplicação de métodos práticos, que irei listar a seguir, mas nenhum deles tem qualquer conotação religiosa-ritualística.
Essa transformação, de prática simples e pura, direcionada a um determinado fim, para as várias vertentes (escolas, seitas etc.) religiosas, hoje existentes no budismo, deveu-se justamente ao fato do budismo em si, não ser um prática teísta, que não afirma nem nega a existência de um ou mais deus ou deuses e deusas, mas que simplesmente nos ensina que tal não influi em nada na capacidade de cada ser em atingir Anuttara-Samyak-Sambodhi, a Iluminação Sem Superior, o estado mental de não regressão, ou seja não renascimento em estados mentais inferiores, durante a nossa existência no mundo fenomênico. Por isso quando da disseminação do budismo a partir do que hoje é o Nepal, para as demais regiões do oriente e ocidente, ele (o budismo) foi sendo incorporado dos sincretismos religiosos de cada país ou região do globo por onde passou. Na china acolheu vários aspectos do Taoísmo, no Japão do Shintoísmo, na Coréia foi introduzido com forte influência do Zen Budismo japonês, e acabou agregando aspectos do Shamanismo local, na Thailândia conserva até hoje o sincretismo com o Bhramanismo, foi disseminado no mundo helenístico, como um Greco-budismo, por Alexandre Magno, no Tibet sofreu grande influência do Bön-Po (bonismo) o que resultou no Budismo Mantrayana ou Vajraiana, com a adoção e sincretismos de várias crenças dessa primitiva religião, inclusive do tulku (reencarnação consciente), e assim por diante até os dias de hoje, ainda nos países aonde ele finca raízes, acaba por aceitar algum sincretismo da religião predominante no local.
Por isso torno a afirmar o budismo em si não é uma prática religiosa, mas sim um conjunto de regras, preceitos e práticas, que seguidas no seu total conjunto nos auxiliam na obtenção do maior objetivo de todo budista, “a Iluminação”.
Um equívoco que devemos esclarecer logo de início, é que: o budismo mahayana, principalmente, não crê e não prega, o renascimento continuo após a extinção do corpo-físico, e nem tampouco a reencarnação, pois simplesmente após a dissolução dos cinco agregados, Forma material (rupa); Sentimento (vedana); Vontade (samskara); Percepção (samjna); Consciência (vijnana), não há o que renascer nem no que renascer; essa “figura de retórica” utilizada nos sutras, narrando renascimentos anteriores em diversas formas, como seres humanos, animais, ou até mesmo como “antigas árvores”, é somente como diz a própria definição da mesma: “Um artificio de linguagem que modifica a expressão do pensamento, para torná-la mais viva, mais energética ou mais compreensível”, e o pensamento no caso é de que renascemos instante após instante nos dez mundos-estados, durante nossa existência no samsara e não de que morremos e renascemos a cada ciclo de vida em outro corpo físico.
Outro ponto primordial sobre o budismo é que ele adota um sistema de investigação (skepsis), não especulativo, e totalmente baseado na práxis.
E por último desmistificando algumas ideias lançadas como palavras ao vento, vou explanar a respeito de alguns conceitos sobre o budismo, como: O que significa essa palavra? Quantos "budismos" existem? E principalmente quais as "condições" primordiais (no caso do budismo: preceitos) para que uma pessoa se declare budista?
O que significa a palavra budismo?
Bem, conforme a definição encontrada na obra "Língua Portuguesa de Antônio Houaiss":
"Apenas em doutrina religiosa, optou-se para uma análise da amplitude que o sufixo –ismo pode produzir com nomes. Na classe religião, encontrou-se a categoria doutrina com antropônimos formados a partir de nome do líder religioso com o acréscimo do sufixo –ismo, para formar doutrina religiosa. Entende-se como doutrina o “princípio, crença, ou conjunto de princípios ou crenças que tem um valor de verdade absoluta para os que o(a) sustentam e seguem, e que é, no entender destes, o(a) único(a) aceitável” (2001). Sendo X antropônimo que expressa o nome do líder religioso, encontrou-se “doutrina de X”, por exemplo “wiclefismo, grafada também como wycliffismo, doutrina religiosa do teólogo inglês John Wycliff ”; “hildebrandismo,doutrina religiosa que segue os ensinamentos de Hildebrando”; “galismo, doutrina religiosa de Franz Joseph Gall”.
O SUFIXO "ISMO" NA HISTÓRIA DAS GRAMÁTICAS...
Portanto analogamente, entendemos que "budismo" encaixa-se na definição acima como:
O conjunto de princípios dos seguidores do "Buda", (a figura histórica de Sidharta Gautama "O Buddha").
Sendo assim, automaticamente respondo a segunda questão
Quantos "budismos" existem"? afirmando:
Não existe o budismo de TienTai, o budismo de Nichiren, o budismo de Thich Nhat Hanh, o budismo do Dalai Lama, o budismo de Daisaku Ikeda, ou o budismo de seja lá quem for. Só existe um verdadeiro e único budismo, que é o Budismo de Sidharta Gautama "O Buddha". As pessoas aqui citadas, como qualquer uma outra não citada, encaixam-se simplesmente na categoria de "estudiosos-divulgadores" do budismo.
A terceira questão, Quais as "condições" primordiais (no caso do budismo preceitos) para que uma pessoa se declare budista?, é também respondida com auxílio da própria definição do uso do sufixo "ismo" no campo da religião; "Entende-se como doutrina o ''princípio, crença, ou conjunto de princípios ou crenças que tem um valor de verdade absoluta para os que o(a) sustentam e seguem, e que é, no entender destes, o(a) único(a) aceitável''..."
Portanto para declarar-mo-nos budistas, é necessário que sigamos o conjunto de princípios e crenças estabelecido pelo Buddha Shakyamuni, e o princípio básico (para os leigos), Ele nos deixou expresso no Pañca-sila, os cinco preceitos, que são:
Panatipata veramani sikkhapadam samadiyami
Eu tomo o preceito de abster-me de matar seres vivos.
Adinnadana veramani sikkhapadam samadiyami
Eu tomo o preceito de abster-me de tomar o que não for dado.
Kamesu micchacara veramani sikkhapadam samadiyami
Eu tomo o preceito de abster-me de comportamento sexual impróprio.
Musavada veramani sikkhapadam samadiyami
Eu tomo o preceito de abster-me da linguagem incorreta.
Suramerayamajja pamadatthana veramani sikkhapadam samadiyami
Eu tomo o preceito de abster-me do entorpecimento e da imprudência, resultantes da utilização de drogas ou da ingestão de bebidas alcoólicas.
O Texto abaixo extraído do capítulo 4 do livro Budismo Significados Profundos do Venerável Mestre Hsing Yün, nos ajuda a compreender melhor a aplicação quotidiana dos cinco preceitos:
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Para Compreender os Cinco Preceitos
Os preceitos são enunciados na forma negativa, porque o primeiro passo para o crescimento moral é sempre deixar de fazer as coisas que prejudiquem outros seres sencientes. Antes de sequer começar a pensar em como ajudar o próximo, é necessário, antes, parar de prejudicá-lo. Vamos detalhar, a seguir, cada um desses preceitos fundamentais.
Não matar
Matar intencionalmente um ser senciente é um modo muito grave de prejudicar alguém. Se possível, devemos evitar matar até mesmo camundongos, pernilongos, formigas e outros animais pequenos. Ao respeitar a menor e mais indefesa criatura, adotamos uma atitude de respeito por todos os seres. Esse tipo de respeito é a base de todos os méritos.
Como o budismo é uma religião centralizada na vida humana e, uma vez que o Buda disse ser a vida humana particularmente preciosa, matar outro ser humano é a mais grave forma de matar. Matar um ser humano de propósito é ato gravíssimo, que resulta sempre em carma negativo também muito grave.
O mau carma gerado pelo assassinato varia de pessoa para pessoa, pois as circunstâncias que levam à transgressão são sempre diferentes. Um indício da gravidade do homicídio pode ser percebido quando se analisa o que acontececom um mongeou monja budista que venha a matar um ser humano: essa pessoa será expulsa do monastério, não terá permissão para conviver com outros monges e monjas e, com toda a certeza, renascerá no inferno. Essa retribuição não pode ser abrandada, nem mesmo pelo mais sincero ato de arrependimento.
Matar um animal ou um inseto também configura uma violação do primeiro preceito, apesar de não ser considerada uma ofensa tão grave quanto matar um ser humano. As sementes nocivas plantadas na consciência quando a pessoa mata animais podem ser erradicadas por meio de atos de sincero arrependimento.
A proibição de matar figura em primeiro lugar entre os Cinco Preceitos porque é a menos sutil de todas e, portanto, consiste no alicerce das outras. Quem consegue perceber que matar é errado pode começar a ver que as outras formas de causar dano também são erradas.
Observar o preceito que proíbe matar é algo que traz grandes benefícios espirituais, ensinando-nos a praticar a compaixão e a pensar com profundidade nas necessidades e nos direitos dos outros seres. Na verdade, todos os seres são apenas um. Se não conseguirmos respeitar os outros, como poderemos respeitar a nós mesmos? E, sem respeito próprio, como ser dignos de conhecer a nossa natureza búdica?
Muita gente pergunta como as plantas devem ser consideradas à luz desse primeiro preceito. Sendo elas seres vivos, não seria errado matá-las? O Buda disse que os animais e os insetos, por terem consciência ou percepção, são muito diferentes das plantas. Em última análise, todas as coisas deste mundo são dotadas de natureza búdica e devem ser respeitadas. Contudo, uma vez que os animais têm consciência, devem ser tratados com especial respeito, pois, como nós, eles também estão em meio à jornada que só se conclui com o despertar completo.
Os budistas chineses geralmente dão maior ênfase ao vegetarianismo do que os de outras tradições. O praticante que adota a dieta vegetariana se desassocia totalmente do ciclo de criar e matar animais. O Sutra do Grande Nirvana diz: “Aqueles que comem carne perturbam o desenvolvimento da grande compaixão. Onde quer que andem, parem, se sentem ou se deitem, o cheiro da carne que comeram pode ser sentido por outros seres sencientes, os quais, consequentemente, se amedrontam”.
Pessoas que gostam de matar causam repulsa em outros seres vivos, ao passo que aquelas que não gostam de matar atraem para si os outros seres vivos.
Tratado sobre a Perfeição da Grande Sabedoria
Não roubar
Não prejudicar os outros de nenhuma forma é o fundamento de todos os Cinco Preceitos. Quem rouba lesa, porque viola o direito de propriedade e a confiança na integridade do mundo ao redor. Define-se “roubar” como o ato de se apropriar de qualquer coisa que não seja sua. O dano pode ser gerado por meio de fraude ou engano, pela remoção física de um objeto pertencente a outra pessoa, pela escamoteação das leis – seja como for, toda forma de apropriação configura roubo.
Também é roubo tomar emprestado e não devolver, ou devolver o objeto avariado. Não entregar algo que foi confiado aos seus cuidados como portador, também é um tipo de roubo. Exemplos disso variam do ato mesquinho de não entregar um objeto de pouco valor até o ato grave de apropriação da herança que alguém lhe confiou para que passasse aos herdeiros de direito.
O código budista de conduta moral considera o roubo uma transgressão tão mais séria quanto maior o valor do objeto tomado. Caso o objeto seja de valor irrisório, seu roubo é considerado apenas um comportamento “impuro”. Sementes cármicas são plantadas mesmo pelos menores roubos, mas o comportamento impuro não é tão sério como o roubo propriamente dito. Roubos menores, categorizados como ações impuras, seriam, por exemplo, não devolver uma caneta esferográfica, pegar um envelope sem pedir ou utilizar alguma coisa sem permissão do dono.
O preceito de não roubar é um dos mais difíceis de serem seguidos, porque todos são tentados a pegar ou manter coisas que não lhes pertencem. Ficar com o livro de um amigo, levar a toalha do hotel, carregar para casa material do escritório, utilizar o telefone comercial inadequadamente e assim por diante, queiramos ou não admiti-lo, são, também, roubo.
O sábio nunca se aferra a nada; portanto, nada se aferra a ele. As pessoas comuns aferram-se a tudo; logo, ficam aprisionadas às suas ilusões pelo carma e pela cobiça.
De acordo com o Sutra Avatamsaka (Sutra da Guirlanda de Flores), roubos graves levam ao renascimento em um dos três planos inferiores da existência. Além disso, assim que o renascimento for como ser humano, este se dará em condições de pobreza e atormentado pelas necessidades materiais.
O Buda disse: “Ananda, como ignoram a verdade, os seres sencientes aferram-se aos seus desejos e ocultam sua sabedoria sob o véu de suas ideias preconcebidas”.
Sutra do Grande Nirvana
Não mentir
A definição mais simples de mentir é não dizer a verdade. A mentira pode ser também qualquer tipo de enganação, duplicidade, falsidade, distorção ou informação errônea. Trata-se de ofensa muito grave, porque viola a confiança das pessoas e as leva a duvidar de suas próprias intuições. Os principais tipos de mentira são dois:
- mentira por omissão;
- mentira intencional.
A mentira intencional é aquela inequívoca, praticada com o propósito de enganar alguém. A mentira por omissão é a sonegação de informações com o intuito de enganar alguém. Os dois tipos são muito graves e ambos geram sério carma negativo.
As mentiras podem ser classificadas em três categorias:
- grandes mentiras;
- mentiras menos graves;
- mentiras de conveniência.
Considera-se que a pior mentira é alguém se dizer iluminado quando não o é, ou alegar ter poderes paranormais que não tem. Se esse tipo de mentira for contado por um monge ou uma monja, a ofensa é ainda mais grave.
Mentiras menos graves são todas as outras. Por exemplo, alguém dizer ter visto algo que não viu, ou que não viu algo que viu, ou dizer ser falso o que é verdadeiro ou ser verdadeiro o que é falso.
Um exemplo de mentira de conveniência seria não revelar a um doente terminal a gravidade de seu estado. Ou amenizar uma verdade para evitar que uma criança sofra um trauma psicológico. Na mentira de conveniência, importa levar em conta a intenção que nos inspira e a avaliação que fazemos dessa intenção. Se tivermos certeza de que causaremos mais bem do que mal com a mentira, não estaremos violando o preceito.
Aquele que mente ilude – primeiramente a si próprio e depois aos outros. Trata a verdade como se fosse falsa e o falso como verdadeiro. Confundindo totalmente o verdadeiro e o falso, não consegue aprender o que é benéfico. Ele é como um recipiente tampado no qual água limpa não pode ser despejada.
Tratado sobre a Perfeição da Grande Sabedoria
Não ter má conduta sexual
Entende-se por não ter má conduta sexual a prática sexual que viole as leis e costumes da sociedade. Paralelamente, o incesto e qualquer outra conduta sexual que lese ou viole os direitos de outra pessoa são também considerados má conduta sexual.
Alguns exemplos de conduta abusiva, mesmo para pessoas legalmente casadas: ter relações sexuais na hora errada, no local errado, em excesso ou ter relações insensatas.
Na hora errada significa no fim de uma gravidez normal, em momentos de retiro ou ocasiões em que estejamos doentes. Locais errados para relações sexuais são templos, lugares públicos ou à vista de outros. Ter relações sexuais em excesso significa devotar-se tanto ao sexo que a própria vitalidade se esgota. Sexo insensato equivale a masturbar-se em excesso, vender o corpo por dinheiro ou em troca de favores, adotar condutas sexuais que despertem emoções desarrazoadas (ou seja, emoções que brotem da cobiça, da raiva ou da ignorância).
Não abusar de drogas ou bebidas alcoólicas
Uma tradução mais literal deste preceito seria: “Prometo abster-me do entorpecimento e da imprudência resultantes da utilização de drogas ou da ingestão de bebidas alcoólicas”. Em poucas palavras, o preceito diz: não se entorpeça. O propósito dele é evitar que façamos ou digamos coisas estúpidas enquanto nossos sentidos estiverem alterados sob o efeito de drogas ou bebidas alcoólicas.
Os quatro primeiros preceitos são em si violações morais lesivas, prejudiciais aos outros por natureza. Já o consumo de drogas ou de bebidas alcoólicas não seria algo intrinsecamente maléfico, uma vez que é um ato que prejudica mais diretamente o próprio usuário. Entretanto, o Buda adverte que o consumo dessas substâncias altera a consciência, tendo como resultado sérios lapsos de discernimento e a consequente violação dos outros preceitos.
O Shastra Abhidharma-mahavibhasha conta uma história que ilustra como o consumo de álcool pode levar à violação de todos os outros preceitos. Refere-se a um budista que se embebedou e decidiu roubar uma galinha de sua vizinha. Roubou, matou e comeu a ave. Quando a vizinha perguntou se ele tinha visto a galinha, respondeu que não. A partir daí, o sujeito continuou a devotar-se à própria ruína, lançando olhares lascivos à vizinha e utilizando com ela linguagem sexualmente provocativa. A cadeia de eventos que o levou a quebrar todos os Cinco Preceitos começou com o primeiro drinque. Se não tivesse bebido, jamais teria plantado tantas sementes cármicas negativas. Tenho certeza de que todo mundo conhece exemplos piores do que esse no mundo atual.
Ao considerar as consequências da violação do princípio relativo a drogas e álcool, devemos levar em conta que o budismo é uma religião de moralidade, autocontrole e sabedoria. Qualquer coisa que anuvie a mente ou entorpeça a razão inevitavelmente diminui tanto nossa sabedoria quanto nosso autocontrole.
Quem quiser atravessar o grande oceano do nascimento e morte deve observar os Cinco Preceitos de todo o coração e com a mente por inteiro.
Sutra Upasaka-shila (Sutra sobre os Preceitos de Upasaka)
A Importância da Moralidade
Quem não dá muita importância à moralidade geralmente acha que a observância de um código de conduta moral restringe a liberdade. Nada poderia estar mais longe da verdade. A moralidade não cerceia nossa liberdade – liberta-nos da ilusão.
As correntes cármicas que nos aprisionam à ilusão só podem ser destruídas por meio de uma vida moral. Em vez de ver a moralidade como um fardo desagradável, deveríamos considerá-la uma oportunidade para uma vida mais sublime. É apenas pela moralidade que nos diferenciamos dos seres dos planos de existência inferiores.
Assim como a serenidade e a compostura são essenciais à meditação, a moralidade é essencial ao crescimento do ser humano. O objetivo dos Cinco Preceitos não é oprimir, eles simplesmente constituem uma das três instruções básicas proferidas pelo Buda sobre a evolução rumo a uma consciência mais elevada, que são:
- moralidade;
- meditação;
- sabedoria.
Em termos gerais, a meditação baseia-se na moralidade, enquanto a sabedoria tem por fundamento a meditação. A moralidade é o alicerce necessário para a meditação e para a sabedoria.
De acordo com o Buda, se seguirmos os Cinco Preceitos, teremos uma melhora em nossa vida presente e nas futuras, posto que estaremos plantando as sementes de nosso futuro. Naturalmente, o êxito na observância dos Cinco Preceitos não é conquistado da noite para o dia. Leva tempo para a mente iludida se abrir totalmente às grandiosas e libertadoras expansões de sabedoria que se descortinam quando a mente começa a compreender os níveis mais elevados.
Raras são as pessoas que conseguem seguir todos os Cinco Preceitos desde o momento em que tomam contato com eles pela primeira vez. Por isso, o Buda recomendou que, no começo, os princípios sejam observados de forma gradual. Primeiro, seguindo o princípio de não matar; em seguida, passa-se a cada um dos outros três, terminando com o princípio relativo a não abusar de drogas e álcool.
A esse respeito, o Tratado sobre a Perfeição da Grande Sabedoria diz: “Existem Cinco Preceitos. No processo de aprendê-los, deve-se iniciar com o princípio de não matar e seguir daí até aprender a seguir o princípio sobre não consumir bebidas inebriantes. Quando um preceito é observado, diz-se que o primeiro passo foi dado. Quando dois ou três são observados, diz-se que alguns passos foram dados. Quando quatro princípios já podem ser observados, diz-se que a maioria dos passos já foi dada. Quando todos os Cinco Princípios são seguidos, diz-se que os preceitos foram cumpridos. Nesse processo, devem-se considerar as inclinações pessoais para decidir a sequência em que se vão aprender os preceitos”.
Sendo a moralidade, a meditação e a sabedoria as três categoriasem que o Budadividiu seus ensinamentos, são também três as classes de transgressões contra os preceitos:
- transgressões do corpo;
- transgressões da fala;
- transgressões da mente.
Os preceitos de não matar, não roubar e não ter má conduta sexual dizem respeito às atividades do corpo, ao passo que o de não mentir se associa à fala. Todos os preceitos têm a ver com a mente, é claro, pois todas as ações e intenções nascem na mente.
Corpo, fala e mente não guardam correspondência exata com moralidade, meditação e sabedoria, apesar de estarem envolvidos com as mesmas áreas. Com a moralidade, aprendemos a controlar os atos do corpo. Com a meditação, aprendemos a controlar a linguagem e a elaboração de conceitos. Com a sabedoria comum, aprendemos a utilizar a mente para ajudar o próximo e, simultaneamente, a nós mesmos. No Sutra do Grande Nirvana, o Buda diz: “Ananda, esses preceitos morais devem passar a ser seu maior mestre. Observando-os e fundamentando neles a sua prática, você conquistará o samádi profundo e a sabedoria que transcende a tudo neste mundo”.
De acordo com o Sutra Sandhi-nirmochana (Sutra Elucidativo da Profundidade do Irrevelado), levar uma vida moral, seguindo os Cinco Preceitos, confere-nos dez bênçãos. O sutra diz que, em última instância, a moralidade nos leva a conquistar o estado de onisciência; a ganhar a capacidade de aprender como um Buda aprende; a nunca prejudicar os sábios; a manter os nossos votos; a ter paz; a conquistar o não apego à vida e à morte; a desejar o nirvana; a ter uma mente imaculada; a chegar ao mais elevado samádi, ou concentração; a ter fé firme e resoluta.
O Buda sempre pedia que seus monges se mantivessem calmos e se mostrassem calmos. A moralidade pode ser concebida como um tipo de serenidade que é muito confortável para aquele que a pratica. Vivendo de acordo com os Cinco Preceitos, começamos a nos sintonizar não só com os ensinamentos do Buda, mas também com a pura mente do Buda interior. A tranquilidade fundada na inspiração que emana da mente búdica jamais pode ser abalada e sempre se mostrará correta.
Aquele que observa os Cinco Preceitos é sempre superior até mesmo que o mais rico e poderoso que os viola.
A fragrância das flores e da doce madeira ao longe não pode ser sentida, mas a doce fragrância da moralidade em todas as dez direções será sentida.
Aquele que observa os Cinco Preceitos está sempre alegre e satisfeito e sua boa reputação à distância será conhecida; seres celestiais amor e respeito por ele sentirão e sua vida neste mundo será com doce êxtase preenchida.
Tratado sobre a Perfeição da Grande Sabedoria
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Creio que depois de haver esclarecido esses pontos fundamentais podemos passar para uma explanação bastante sintética dos conceitos mais importantes, que nos dão a base para uma introdução ao budismo "conceitual".
- Os três Pilares do Budismo.
O primeiro conceito fundamental do budismo está expresso no verso 183 do Dhamapada:
Sabbapapassa akaranam
ku salassa upasampada
sacittapariyodapanam
etam buddhana sasanam.
Evitar todo o mal,
Cultivar o bem,
Purificar a própria mente:
Esse é o ensinamento dos Budas."
Ele é chamado dos Três Pilares do Budismo, e é sobre esses pilares e a compreensão do “Caminho do Meio”, que se apoia toda a filosofia do Budismo.
- Caminho do Meio.
Um importante princípio orientador da prática budista é o Caminho do Meio, que se diz ter sido descoberto pelo Buda, antes de sua iluminação. O Caminho do Meio tem várias definições:
1- A prática de não-extremismo: um caminho de moderação e distância entre a autoindulgência e a morte;
2- O meio-termo entre determinadas visões metafísicas;
3- Uma explicação do nirvana (perfeita iluminação), um estado no qual fica claro que todas as dualidades aparentes no mundo são ilusórias;
Pāramitā "Perfeição" ou "Transcendente" ("Que alcançou a outra margem"). No budismo, chama-se deparamitas as perfeições ou culminações de certas práticas. Tais práticas são cultivadas por arahants e bodhisattvas para percorrer o caminho da vida sensorial (samsara) à iluminação (nirvana).
No budismo theravada, as "Dez Perfeições" são (termos originais em pali):
1- Dana parami : generosidade, doação2- Sila parami : virtude, moralidade, conduta apropriada3- Nekhamma parami : renúncia4- Panna parami : sabedoria transcendente, "insight"5- Viriya parami : energia, diligência, vigor, esforço6- Khanti parami : paciência, tolerância, aceitação, resistência7- Sacca parami : veracidade, honestidade8- Aditthana parami : determinação, resolução9- Metta parami : amor gentil10- Upekkha parami : equanimidade, serenidade
No budismo mahayana, os sutras da Perfeição da Sabedoria e o Sutra do Lótus listam as "Seis Perfeições" (termos originais em sânscrito):
1- Dana paramita : generosidade, doação2- Sila paramita : virtude, moralidade, conduta apropriada3- Shanti paramita : paciência, tolerância, auto-domínio, aceitação, resistência4- Virya paramita : energia, diligência, vigor, esforço5- Dhyana paramita : meditação, concentração, contemplação6- Prajna paramita : sabedoria transcendental, insight
O Sutra dos Dez Estágios (Dasabhumika), escrito posteriormente, menciona mais quatro;
7- Upaya paramita: meios hábeis8- Pranidhana paramita: voto, resolução, aspiração, determinação9- Bala paramita: poder espiritual10- Jnana paramita: conhecimento, sabedoria
Texto originalCologne Digital Sanskrit Lexicon: Search Results
<><><><>1Paramitaido para a margem oposta; cruzados, atravessou; transcendente (Paramita) vinda ou levando à reversão da opinião opositiva, a realização completa, a perfeição em; virtude transcedental (Dana, Silá, Shanti, Virya, Dhyana, Prajna, são adicionados às vezes: Sacca, Adhisthana, Metta, Upekkha) MWB. 128 (cf. Dharmas. Xvii, xviii).2Paramitaparaya ver abaixo de {PARA}.
- As Quatro Nobres Verdades e O Nobre Óctuplo Caminho.
As Quatro Nobres Verdades (em sânscrito: catvāri āryasatyāni; Wyle: 'phags pa'i bden pa bzhi; em páli: cattāri ariyasaccāni) são um dos mais fundamentais ensinamentos e o centro da doutrina do Budismo. Em termos resumidos, estas nobres verdades referem-se ao sofrimento (dukkha), sua natureza, sua origem, sua cessação e o caminho que conduz a essa cessação. Os budistas consideram que as Quatro Nobres Verdades estão entre as diversas experiências que Sidarta Gautama realizou durante sua tentativa de iluminação.1
As Quatro Nobres Verdades aparecem diversas vezes ao longo dos mais antigos textos budistas, no Cânone Páli. Os primeiros ensinos e a compreensão tradicional no Budismo Teravada que é as Quatro Nobres Verdades são ensinamentos avançados para aqueles que estão prontos a elas. O Budismo Mahaiana considera-as como um ensinamento prejudicial para as pessoas que não estão prontas para seus próprios ensinamentos.
1- A Realidade do Sofrimento (Dukkha):
"Esta é a nobre verdade do sofrimento. Muitas vezes a primeira Nobre Verdade proferida por Buda Shakyamuni após sua iluminação é traduzida como "A vida é sofrimento", ou "Existe sofrimento", sempre indicando a natureza sofrida da vida. Em um primeiro momento esse ensinamento pode parecer demasiado pessimista e deprimente. Mas isso se deve à tradução simplista do termo. A primeira Nobre Verdade diz respeito à dukkha, que não tem uma tradução literal, mas sim é todo um conjunto de idéias. Assim é possível expressar que nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimentos; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que queremos é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento." De uma maneira geral, dukkha diz respeito ao nosso condicionamento de vida dentro de experiências cíclicas, onde nos alternamos entre boas experiências (felicidade) e más experiências (sofrimento).
Todos os seres buscam a felicidade e procuram se afastar do sofrimento, no entanto nessa busca de felicidade e dentro da própria felicidade encontrada estão as sementes de sofrimentos futuros.
Podemos pensar da seguinte maneira: sofremos porque não temos algo; sofremos porque conseguimos algo e temos medo de perder; sofremos porque temos algo que parecia bom, mas agora não é tão bom assim; e sofremos porque temos algo que queremos nos livrar e não conseguimos. Podemos ver então que mesmo que tenhamos sucesso na nossa experiência de felicidade, ela mesmo pode se tornar causa de uma experiência de sofrimento. Além disso, as experiências são impermanentes, as idéias, os conceitos, os pensamentos, todos são impermanentes, mudam. Por isso, dentro da experiência de felicidade existe a causa de uma experiência de sofrimento, pois ela também é impermanente e irá mudar.
2- A Realidade da Origem do Sofrimento (Samudaya):
"Esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: é este desejo que conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres sensuais, o desejo por ser/existir, o desejo por não ser/existir."
3- A Realidade da Cessação do Sofrimento (Nirodha):
"Esta é a nobre verdade da cessação do sofrimento: é o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios daquele mesmo desejo, o abandono e renúncia a ele, a libertação dele, a independência dele."
4- A Realidade do Caminho (Magga) para a Cessação do Sofrimento:
"Esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta."
O Nobre Caminho Óctuplo é, nos ensinamentos do Buda, um conjunto de oito práticas que correspondem à quarta nobre verdade do budismo. Também é conhecido como o "caminho do meio" porque é baseado na moderação e na harmonia, sem cair em extremos.
Essas oito práticas estão descritas nesta passagem:1
"Agora, bhikkhus, esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta."
-- SN LVI.11
Compreensão correta: Conhecer as Quatro Nobres Verdades de maneira a entender as coisas como elas realmente são, e com isso gerar uma motivação de querer se liberar de dukkha e ajudar os outros seres a fazerem o mesmo.
Pensamento correto: Desenvolver as nobres qualidades da bondade amorosa, não tendo má vontade em relação aos outros, não querendo causar o mal (nem em pensamento), não ser avarento, e em suma, não ser egoísta.
Fala correta: Abster-se de mentir, falar em vão, usar palavras ásperas ou caluniosas, e ao invés disso, falar a verdade, ter uma fala construtiva, harmoniosa, conciliadora.
Ação correta: Promover a vida, praticar a generosidade e não causar o sofrimento através de práticas moralistas.
Meio de vida correto: Compreender e respeitar o próprio corpo, olhar os outros com amor, compaixão, alegria e equanimidade, que são as quatro qualidades incomensuráveis, e na prática do dia-a-dia, praticar os seis paramitas da generosidade, ética, paz, esforço, concentração e sabedoria. Também inclui ter uma profissão que não esteja em desacordo com os princípios.
Esforço correto: Praticar autodisciplina para obter a quietude e atenção da mente, de maneira a evitar estados de mente maléficos e desenvolver estados de mente sãos.
Atenção correta: Desenvolver completa consciência de todas as ações do corpo, fala e mente para evitar atos insanos, através da contemplação da natureza verdadeira de todas as coisas.
Concentração correta: A partir da concentração, a mente entra em estado contemplativo e em seguida vem o nirvana.
A roda do Dharma, frequentemente usada para representar o nobre caminho óctuplo.
O nobre caminho óctuplo é uma técnica usada para erradicar a ganância, o ódio e a ilusão. Em todos os elementos do nobre caminho óctuplo a palavra "Correto" é uma tradução da palavra samyañc (Sânscrito) ou sammā (Pāli), que denota plenitude, e coerência, e que possui o sentido de "perfeito" ou "ideal".2
No simbolismo budista, o nobre caminho óctuplo é frequentemente representado pela roda do dharma, cujos oito aros representam os oito elementos do caminho.
- A verdadeira natureza dos fenômenos.
Buda (sânscrito-devanagari: बुद्ध, transliterado Buddha, que significa "Desperto" , do radical Budh-, "despertar") é um título dado na filosofia budista àqueles que despertaram plenamente para a verdadeira natureza dos fenômenos e se puseram a divulgar tal descoberta aos demais seres. "A verdadeira natureza dos fenômenos", aqui, quer dizer o entendimento de que todos os fenômenos são impermanentes, insatisfatórios e impessoais. Tornando-se consciente dessas características da realidade, seria possível viver de maneira plena, livre dos condicionamentos mentais que causam a insatisfação, o descontentamento, o sofrimento.
"Esses fenômenos são exemplificados no Maka Shikan e no Hokke Gengi de Tientai, chamados de Junyoze ou “Dez similitudes” e são os seguintes:
Aparência (Nyoze-so): Manifestação externa, aquilo que percebemos pelos sentidos, como forma, cor, tamanho, etc
Natureza (Nyoze-sho): Disposições que incluem instintos, mente e consciência
Substância (Ser) (Nyoze-tai): É o fenômeno vida em si mesmo, manifesto em todos os reinos da existência
Poder (Nyoze-riki): É a capacidade de agir
Função (Influência) (Nyoze-sa): É a função exercida pela vontade, pelo meio, pelos sentimentos, pelas forças internas e externas.
Causa (Causa Inerente) (Nyoze-in): É o que produz o efeito
Condição (Relação) (Nyoze-in) : É tudo o que auxilia a manifestação do efeito
Efeito Latente (Nyoze-ka): Efeito produzido no interior da mente ativado pela relação ou causa auxiliar.
Efeito manifesto (Nyoze-ho): É o resultado concreto de ação, palavra e pensamento
Identidade consistente do início ao fim (Nyoze Honmatsu Kukyoto): É a perfusão do Caminho do Meio em todos os fenômenos."
"A Roda dos doze elos das causas e condições ou de produção dependente" é o ensinamento sobre a origem do sofrimento, que explica nossa existência dentro do mundo que sufoca os mortais: o samsara (vida-morte-renascimento) e o triplo-mundo (mundo dos três planos).
Este ensinamento foi desenvolvido a partir do ciclo triplo (karma, inquietação mental, angústia emocional) na forma de uma roda com 12 elos, que descreve os desejos vorazes, desde a própria ignorância à existência de um ego.
O ciclo triplo é o seguinte:
- As klesas (condições emocionais) geram o karma (causas de destino espiritual inadequadas); O karma (causas de destino espiritual inadequadas) geram as duhkhas (inquietações mentais); As duhkhas (inquietações mentais) geram as klesas (condições emocionais).
A origem, são a ignorância (a mãe) e atos voluntários (o pai), os dois elementos que interagem e alimentam o ciclo de vida, morte e renascimentos (samsara):
- As causas do passado :
1. A Ignorância ; 2. Os Atos voluntários (com base na ignorância);
- Os efeitos no presente:
3. A Consciência; 4. O Nome e a forma (matéria - espírito) A Dualidade ; 5. Os seis sentidos ; 6. O Contato; 7. As Sensações;
- As causas do futuro:
8. O Desejo ardente; 9. O Apego; 10. O Desenvolvimento de uma existência do ego;
- Os efeitos no futuro:
11. O Nascimento; 12. A Velhice e a morte.
O Maka Shikan diz: "Sem a iluminação surgem desejos sensoriais (e outros klesas )
1 - Não ser despertado é a ignorância .
2 - O surgimento do desejo sensual é um ato voluntário (baseado na ignorância );
3 - A consciência dos desejos sensoriais, juntamente os outros quatro agregados do "eu" (corpo, sentidos, pensamentos, volições);
4 - Na sua continuidade dão origem à ilusão do "eu" temporal dando origem também à dualidade do nome e da forma (espírito/ matéria);
5 - As fontes do corpo físico dão origem a seis entradas (sentidos, faculdades sensoriais);
6 - As faculdades sensoriais são conectadas às seis sensações e isso dá origem ao contato;
7 - Aceitar e seguir as sensações conduzem aos sentimentos;
8 - Regozijar-nos nesses sentimentos e na sua procura da origem aos desejos vorazes;
9 - Os desejos vorazes são interligados ao apego;
10 - A produção de atos (karma) desenvolve a existência de um ego;
11 - Agregados do "eu", que se assomam no futuro, dão origem ao nascimento;
12 - Os agregados em situações de deterioração conduzem à velhice. E quando eles se desintegram, o resultado é a morte.
Estes são os doze elos interdependentes da roda da causalidade."
- Dharma e Espiritualidade
Dharma é uma palavra sânscrita que significa literalmente Lei, mas no contexto budista seria melhor descrito como "realidade espiritual" ou "espiritualidade". O Buda despertou para a realidade do Dharma (a Realidade espiritual), pela primeira vez quando ele atingiu o estado de Buda meditando sob a árvore Bodhi em Gaya , há aproximadamente 2500 anos. Ele passou o resto de sua vida ensinando o Dharma aos seus discípulos. Na verdade, os próprios ensinamentos de Buda são chamados de Dharma. Dharma não é algo estranho à nossa existência humana comum.
Os Mundos-estado (estado de existência) (dharmadhatu) constituem a realidade da nossa própria mente. Este é também o espírito do Buda e de todos os seres vivos. O Dharma é o conjunto dos três. Mas, na verdade é uma única realidade.
Zhiyi escreveu em seu livro Significado Oculto da Flor do Dharma: "O Sutra do Lótus diz: "Os Budas desejam abrir para todos os seres o conhecimento e a visão de Buda e ajudá-los a adquirir a iluminação". Como este sutra poderia falar em "abrir o conhecimento e a visão de Buda" se as coisas que vivem já não os tivessem em si? Evidentemente, este conhecimento e visão residem em todos os seres vivos .
No Sutra do Lótus lê-se: "Pare, pare, é desnecessário dizer mais. O Dharma é maravilhoso e inconcebível."
É maravilhoso saber que a iluminação é real e transitória e não é apenas destinada aos Budas.
Lê-se no Sutra do Lótus: "No desenvolvimento de suas mentes eles observam o aspecto real de todos os fenômenos (shoho jisso), sem ser incomodado e sem regressão, aceitando e mantendo-o em todos os momentos do pensamento "
Esta é a realidade da nossa própria mente.
No Sutra do método de contemplação do Bodhisattva Samantabhadra lê-se:
"Quando a mente está vazia de si mesma, não é a pessoa a cometer o bem ou o mal."
E no Sutra da guirlanda de flores: "A mente, Buda e todos os seres vivos são uma trindade inseparável."
1. Quando falamos de espiritualidade (Dharma) de todos os seres vivos, referi-mo-nos à causa e efeito, e a todos os dharmas (fenômenos).
2. Quando falamos sobre a espiritualidade de Buda, nos referimos ao efeito.
3. Quando falamos sobre a espiritualidade de nossas próprias mentes, nos referimos à causa.
Quadro-resumo dos três aspectos da mente em termos de passado e presente.
Aspecto da Dharma | Componente do Caminho Espiritual | Causa e Efeito prático da espiritualidade | Analogia moderna |
Buda | Despertar | Efeito da prática | Além do ego |
Mente individual | Jornada espiritual pessoal | Devido à prática | Eu |
Todos os seres vivos | A natureza humana básica | Causalidade | Eu |
O Buda explicou o Dharma (realidade espiritual) de várias maneiras: as Quatro Nobres Verdades e a roda de 12 elos de produção condicionados ou "duas verdades - três verdades, em uma só verdade", etc. Cada instrução é adaptada às capacidades daqueles a quem ele se dirigiu. Todos esses ensinamentos eram diferentes maneiras de analisar e explicar o Dharma, para que as pessoas compreendessem a realidade na sua totalidade, completamente.
No Sutra do Lótus, Dharma é explicado na forma dos Dez Mundos (dharmadatu) com dez modos de expressão de causalidade (ju nyoze) e, por extensão, os três mil mundos inerentes em todos os momentos do pensamento (Ichinen sanzen).
Esta é uma descrição da causalidade e as condições do coração humano, desde as profundezas do inferno até o maior esclarecimento "A Iluminação".
Siga examinando:
OS DEZ MUNDOS OU ESTADOS EXISTENCIAIS
Sânscrito | Português/Japonês | O veículo e o caminho | Reino espiritual |
Buddha-yana | Despertar completo - Além de si e dos outros Estado de Buddha/Butsu | O veículo único do estado de Buda | Terra Pura - Nirvana e a Nobre Via do Caminho Espiritual -Veículo do Despertar |
Bodhisattva-yana | Alcançar a iluminação para si próprio e para os outros Estado de Bodhisattva/Bosatsu | Compromisso com o Veículo Único |
Pratyekabuddha-yana | Iluminação para si mesmo, somente. Estado de Absorção/Engaku | Distanciamento dos Dois Veículos |
Shravaka-yana | Discípulos espirituais Ouvintes da Lei Estado de Erudição/Shomon |
Deva-gati | Mundo-estado dos devas Estado de Alegria/Ten | As três boas vias | Mundo Saha (Resistência) - Mundo do sofrimento e da produção condicional / vida-morte-renascimento (samsara) - Triplo mundo |
Manusya gati- | Mundo-estado das pessoas humanas Estado de Tranquilidade/Nin |
Asura-gati | Mundo-estado dos demônios pessoais Estado de Ira/Shura |
Preta-gati | Mundo-estado de fome Estado de Fome/Gaki | Os três maus caminhos |
Tiragyoni gati- | Mundo-estado dos animais - a brutalidade Estado de Animalidade/Tikusho |
Naraka-gati | Mundo-estado de Inferno - o sofrimento Estado de Inferno/Jigoku |
"Eis aqui então exposto o "príncipio" do caminho para o entendimento do budismo, através de seus conceitos principais, e a consequente obtenção da Budeidade!"
Fontes:
http:/ / www.tientai.net/teachings/dharma/2vehicles/12wheel.htm
http:/ / www.tientai.net/teachings/dharma/6realms/fa1.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Quatro_Nobres_Verdades
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nobre_Caminho_Óctuplo
Les études de Nichiren
Imagens: Internet Google Images
Blog do Reverendo André Otávio de Assis Muniz.
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