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Budismo

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Vamos comentar um pouco sobre as experiências do sesshin. Em geral, durante o zazen não há experiências místicas, não há insights, é raro. Os insights tendem a ocorrer fora do zazen. No zazen você prepara a mente. Muitas pessoas sentam para entrevista e comentam que fizeram um zazen “péssimo”, com uma quantidade incrível de pensamentos, etc. Ora, ao sentar e o fluxo de pensamentos apresentar-se, você pode deixá-los passar, pois uma hora eles cansam. Por isso, quando o pensamento aparecer, você pode dizer: “Você de novo? Eu já pensei isso. Eu vou ouvir o riacho”.  Com isso os pensamentos se dissolvem e, no segundo dia, essa invasão de pensamentos é reduzida, porque estamos cansados e a mente está cansada destas reapresentações.

Existe o método intelectual, que a psicologia e os terapeutas usam, que se baseia na elaboração do problema, com longas discussões das preocupações mentais.  Sem considerar tal método errado ou inútil, mas no Zen o que fazemos é descartar o que passou. Posso até ter vivido minhas lembranças, mas só vejo isso porque tenho e acalento memória. É essa memória que pesa e nos faz carregar o passado. Então, no zazen esvaziamos nossa mente, deixando os pensamentos passarem até que eles desistam.

Você pode fazer um zazen totalmente errado se sentar e rememorar seus pensamentos com prazer. Isso não é zazen, você apenas sentou para pensar. Mesmo que seu zazen tenha sido cheio de perturbações, mas você ficou no momento presente e persistiu, pode sair do zazen e, de repente, ter uma experiência pura. Uma experiência presente e maravilhosa, extremamente simples, algo que você sempre fez, mas apresentou-se magnífica naquele instante. Esta é a experiência iluminada, como um flash de iluminação. Você não está iluminado, mas teve uma experiência iluminada, muito curta, pequena, mas teve.


O desafio portanto, é: como posso treinar para ter essa mente permanentemente por muito mais vezes? Como transformar cada pequeno ato em um ato maravilhoso? Com isso a vida torna-se maravilhosa. Não existe tristeza ou depressão na vida em que você vê o maravilhoso nas pequenas coisas que está fazendo. Essa é a diferença entre a vida normal e a vida desperta. A vida normal é como uma jornada cheia de neblina, com muitas preocupações, carregando coisas do passado, tristezas e sem enxergar a maravilha da vida. A vida iluminada é a mesma vida, igual, porém sem neblina, com uma luz clara, ouvindo e sentindo esta maravilha. Por isso dizemos que não é “nada de especial”, mas ao mesmo tempo é extraordinário, pois cada um que senta sabe como é difícil.

Durante, ou mesmo um ou dois dias após o sesshin ainda podemos ter uma experiência iluminada, mas mesmo assim devemos continuar a praticar. Caso a prática não seja contínua, mesmo uma experiência em sesshin desaparece e vira memória. Podemos até lembrar da experiência, mas não mais a temos naquele instante. Essa é a diferença de uma experiência iluminada, e iluminação.





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