Budismo
Muito além da santidade
1) O que é o Dharma?
Monge Genshô – O Dharma é a lei, a sabedoria. A sabedoria em si, não o conhecimento. Nós dizemos que existem os “Portais do Dharma”. Você os abre como se fossem portas e os atravessa e, através desse ato, de atravessar um portal, você descobre um novo mundo de compreensão. Mas os Portais do Dharma são incontáveis e cada vez que abrimos um, há outro na nossa frente para ser aberto, então de insight em insight, de despertar em despertar, nós caminhamos em direção a um despertar mais amplo.
2) Quais são os sinais desse despertar, como a pessoa pode perceber que está despertando?
Monge Genshô – Todas as pessoas têm pequenos momentos de despertar. Um dia você abre uma janela numa manhã, o dia está brilhante, glorioso. Você sente um perfume no ar, você não lembra nada de ontem e nem de amanhã, só mergulhado naquele pequeno momento você se sente maravilhada e uma grande sensação de felicidade lhe invade – “Ah, maravilhoso, tudo maravilhoso” – Um segundo depois você lembra que tem que tomar café, tem que lavar o rosto ou tem que fazer qualquer outra coisa e aquele momento se esvai.
Despertar é ter uma experiência muito mais profunda do que essa, mas da mesma natureza. Não é nada fantástico ou sobrenatural, é simplesmente assim. Kensho é como chamamos a experiência mística mais profunda. Você a tem e ela pode durar não alguns segundos, mas horas. Mas também você cai de volta na vida. Aqueles que fazem retiros ou sesshin e praticam meditação muitas horas seguidas, ficam muito sensíveis e várias dessas experiências um pouco maiores podem acontecer. Talvez experiências não de cinco segundos, mas de trinta segundos. À medida que acumulamos experiências como essas, nós podemos caminhar para um estado que se chama Satori.
Satori é o despertar. Imaginem estar permanentemente assim, ou pelo menos ter a habilidade de a qualquer momento chamar essa percepção agora e pronto, está ali, então você é dono do despertar. Essa é a diferença entre o Kensho e o Satori. Kenshô você tem quando menos espera, Satori pertence a você. Então aquele que despertou, ele tem a oportunidade de experimentar isso muito mais vezes. Mas mesmo no despertar existem diferentes estágios. As descrições variam de quatro a dez estágios cada vez mais profundos.
O primeiro e mais básico é quando você realmente sabe, nenhuma pergunta é estranha, você sabe. O último é diferente do primeiro porque no primeiro, você sabe as respostas, mas na sua vida você é freqüentemente arrastado pelas suas paixões e não aparece em todos seus atos e todas suas palavras, porque você, apesar de haver despertado, não incorporou tudo aquilo. O último estágio é quando cada ato e palavra sua são iluminadas. É um estado muito difícil, mas se atingido, é um estado perfeito muito além da santidade. O Zen não procura fazer santos, mas “despertos”.
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