Budismo
Não me fale dos atos de Buddha me mostre os seus atos
Venerável Dhammadipa continua: O nosso “eu” e nosso apego aos objetos implica na deposição de sementes nesse “Depósito de Consciências”, e por isso é chamado de Depósito, pelo fato dessas sementes estarem ali depositadas. Um aspecto subjetivo do Alayavijnana é chamado “Manas”, que é a autoconsciência. Essa autoconsciência é baseada numa consciência diferenciadora e desse modo, retornamos ao Samsara. Nós tomamos como reais essas diferenciações dos conceitos dos Manas que estão relacionados com o auto apego.
Comentário de Genshô Sensei: É através das sementes cármicas que depositamos em Alayavijnana, que surgem todas as consciências e estas é que fazem com que nos manifestemos no mundo.
Venerável Dhammadipa continua: O processo de liberação do Yogacara, que está diretamente relacionado ao Zen, é exatamente a transformação disso tudo em sabedoria. Sei que estão todos cansados, isso não é tão importante, são só teorias. O Zen está enraizado nas ideias de Yogacara.
Comentário de Genshô Sensei: Eu diria que o Zen tem uma “estética” do Yogacara, o que acontece é que ele não levou tão a sério a idéia de que todas as coisas existentes são apenas consciência. Onde o Zen se afastou do Yogacara, foi na idéia de que as coisas existem mesmo que não exista minha consciência olhando essas coisas. Não sou eu quem faço surgir as coisas, elas existem mesmo que eu não as observe. Essa é a abordagem do Zen. Para o Yogacara tudo é consciência e tudo só existe porque existe uma consciência que observa. Mas, como ele mesmo disse, isso é uma profunda teoria do Abhidharma e do Yogacara que é muito difícil de entender, é muito sofisticada.
Em geral, no Zen, escapamos dessa discussão levando o assunto para o terreno da praticidade e do agora. Algumas pessoas ficam muito interessadas na profundidade da filosofia Budista e desejam tanto se aprofundar nas minúcias filosóficas, que acabam por se afastar da verdadeira prática. O que o Zen propõe é sentar de frente para a parede, ou, quando eu mandá-lo fazer algo, você irá fazer sem discutir, e, caso você discuta, demonstra sua ignorância nos ensinamentos. Foi discutido por alguém que entendia, mas ele fala e você fica só fazendo jogos com palavras e não age corretamente no mundo. Isso é vazio. De nada adianta ser um grande mestre de teorias sobre o budismo e não saber se comportar no mundo. É isso que o Zen quer dizer, não me fale das palavras de Buda, me mostre suas palavras, não me fale dos atos de Buda, me mostre seus atos. É isso que chamamos de prática. Mas evidentemente desconsiderar a necessidade do estudo é o erro de cair no extremo oposto.
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