Nunca percam o senso crítico
Budismo

Nunca percam o senso crítico



Palestra em Sesshin de Goiânia [novembro de 2015 - parte 4]
Buda não pode ajudar as pessoas, assim não tem sentido pedir coisas para Buda, nem para ninguém. O único jeito de mudar nossas vidas é mudando nossas mentes, isso que é a verdadeira mudança. É isso que é o budismo. Claro que não estamos dizendo que o apoio mútuo seja insignificante. Não é isso! A Sangha é um dos tesouros do budismo. No entanto, é importante perceber que as estátuas, os rituais, as roupas, as tradições são só meios hábeis... não sou nenhum tolo, eu sei que quando coloco a roupa de monge, embaixo da roupa aqui tem só um homem velho, não tem nada de especial, mas porque eu uso as roupas de monge, eu ganho poder. Esse poder, essa respeitabilidade que vem de todo trajeto das cerimônias, dos certificados, dos reconhecimentos, todo esse conjunto de coisas, acaba criando uma espécie de poder mágico que permite que você consiga fazer coisas que sem isso não conseguiria. Por isso, nas entrevistas, acontecem muitas vezes de as pessoas se emocionarem. O que eu tenho a dizer? Que eu sou como você, tenho os mesmos defeitos, os mesmos anseios, eu compreendo porque eu também vivi essas coisas, perdas, decepções, todas essas coisas. O que isso quer dizer? Que sou homem comum, todos os monges são homens comuns, todos os mestres são homens comuns. Meu mestre é um homem comum, mas ao mesmo tempo ele é profundamente incomum. É preciso tentar entender estes paradoxos. 

Não podemos nos iludir, como aconteceu com um homem que foi entrevistado pelo Jô Soares um tempo atrás ( se autointitulou um dos mais inteligentes e sábios do mundo). Na verdade ele era um louco, um psicopata, e enganou algumas pessoas. No programa seguinte foi um delegado para dizer que ele era um psicopata, um louco. E foi desmascarado em público, foi fácil. Mas às vezes não é tão simples assim, e loucos podem enganar povos inteiros e levar nações inteiras ao desastre. Nós temos muitos exemplos de loucos que fizeram coisas assim, porque as pessoas simplesmente querem acreditar. Então eu tento dizer para meus alunos que nunca percam seu senso crítico, não se enganem. E eu não quero enganar fingindo ser o que eu não sou. Então temos que entender que nós todos somos seres comuns. Por sua vez, seres comuns podem despertar, tem natureza búdica e se eles podem despertar, eles podem ser extraordinários. (Continua)



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