Budismo
Os dez estados de vida
Estado de Animalidade (Tikusho)
É a insensatez. Neste estado a pessoa é escrava dos desejos do instinto e perde o sentido da razão. Em “Carta à Niike” consta: “Animal é matar ou ser morto”. O critério das ações é a luta pela sobrevivência, a lei da selva. As pessoas neste estado tomam vantagem dos fracos e adulam os mais fortes.
Estado de Ira (Shura)
Nitiren Daishonin afirma: “A perversidade existe no estado de Ira”. A pessoa é dominada pelo egoísmo, desprezando os outros e exaltando a si próprio. Apega-se fortemente à idéia de sua superioridade e não suporta ser inferior a ninguém em nada. Enquanto os estados de Inferno, Fome e Animalidade não se têm controle sobre a vida, pois estão completamente dominadas pelos desejos, a pessoa no estado de Ira já possui o controle sobre a própria vida, é como um falcão procurando pela presa. Ele poderá “mostrar” externamente benevolência, retidão, justiça e ter inclusive um rudimentar senso de moral, porém, o seu coração permanece no estado de Ira.
Estado de Tranqüilidade ou Humanidade (Nin)
“A serenidade existe no mundo da Humanidade” afirma Nitiren. Neste estado a pessoa possui senso moral, expressa julgamento justo, pensa racionalmente, controla seus desejos instintivos por meio da razão e porta-se de modo humano, no entanto, podem cair facilmente nos quatro maus caminhos por qualquer circunstância adversa da vida.
Estado de Alegria ou Céu (Ten)
“O Verdadeiro Objeto de Devoção” do estado de Alegria existe no mundo do êxtase diz Nitiren. Existem vários tipos de alegria: aquelas em que as pessoas sentem quando suas vontades imediatas são satisfeitas; existem aquelas que incluem sensação de bem-estar; saúde e energia; e também aquela alegria que decorre de satisfação e contentamento espiritual. Todas as alegrias citadas anteriormente são efêmeras e desaparecem com o passar do tempo, pois são governadas pelas influências externas.
Os estados inferno, fome, animalidade, ira, tranqüilidade e alegria são chamados de “Seis Mundos Inferiores”, pois eles aparecem automaticamente e instintivamente de acordo com os vários desejos e suas manifestações ou frustações. A maioria das pessoas passa o seu tempo indo e vindo entre esses seis mundos.
Ao contrário, os quatro nobres caminhos – Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda – são os mais elevados e para atingi-los são necessários a autorreflexão e esforço consciente na transformação de si próprio.
Estado de Erudição (Shomom)
São aqueles que ouviram o Buda pregar os ensinos e esforçam-se pra eliminar os desejos mundanos e atingir a iluminação. É a condição em que a pessoa busca contentamento e a estabilidade por meio da autorreforma e do desenvolimento próprio. Busca conhecimento e experiência de seus predecessores.
Estado de Absorção (Engaku):
Significa o despertar por si próprio. A pessoa compreende algumas verdades, independentemente dos ensinos budistas, e as usa principalmente em benefício próprio.
Os dois veículos (estados de Absorção e Erudição) são os que a pessoa desperta para o fato de que a vida é transitória. E ao refletir baseando-se nessa verdade, a pessoa liberta-se de ser controlada pelas condições mutáveis e pelos desejos inatos como aqueles dos seis maus caminhos, e estabelece uma certa independência. Entretanto, o despertar das pessoas nos dois veículos é dirigido somente para sua salvação.
Estado de Bodhisattva (Basatsu):
Bodhi significa sabedoria do Buda, e sattva, seres sensíveis. Ou seja, seres sensíveis com sabedoria de Buda e caracterizado pelas ações altruísticas. Nitiren Daishonin afirma: “Os bodhisattvas atraem as maldades para si e dão benefícios aos outros”.
Todos os bodhisattvas fazem quatro juramentos para atingir a iluminação:
1) transportar todas as pessoas através do mar do sofrimento para a distante praia da iluminação;
2) erradicar todos os desejos mundanos (não ser dominados por eles);
3) dominar todos os ensinos budistas
4) atingir a suprema iluminação
Estado de Buda (Butsu)
É a condição de liberdade perfeita e absoluta, o supremo estado em que se compreende o Caminho do Meio. É a condição de felicidade absoluta que nada pode corromper. O Buda compreende a lei da casualidade permeando o passado, o presente e o futuro e a eternidade da vida agindo espontaneamente para o bem dos seus semelhantes.
Não se deve considerá-lo como um objetivo máximo a ser atingido somente no final da vida, mas algo a ser alcançado todos os dias.
No escrito “O Verdadeiro Objeto de Devoção”, o Buda Nitiren afirma: “Mesmo um frio vilão ama sua esposa e filhos. Ele também tem o estado de Bodhisattva dentro de sua vida. O estado de Buda é o mais difícil de demonstrar, mas desde que os outros nove mundos na realidade existem com estados de vida humana, o senhor deve ter fé de que o estado de Buda também existe dentro da sua vida”.
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