Os Dez Mundos ou Dez Estados de Vida - Inferno
Budismo

Os Dez Mundos ou Dez Estados de Vida - Inferno


O BudaNaWeb publica uma série sobre os Dez Estados De Vida, e começamos com o Estado de Inferno - Jigoku.
"Um dos princípios mais importantes dentro do Budismo de Nichiren Daishonin, Os Dez Mundos é um princípio contido na teoria do Itinen Sanzen, estabelecida por Tien-tai em sua obra Maka Shikan, a qual Nichiren Daishonin refere-se freqüentemente em suas escrituras.

Um dos primeiros conceitos budistas que os membros aprendem é a teoria dos “ Dez Estados de Vida ” ou dos “ Dez Mundos ”. Longe de ser uma categorização teórica das condições de vida, os Dez Mundos é uma teoria profunda e prática que pode ajudar-nos a compreender melhor a nossa própria vida. Com uma profunda compreensão estaremos melhor capacitados para reconhecer a suprema condição de vida do Estado de Buda que reside dentro de nós e que é a base de nossa felicidade.
Ainda mais importante do que este fato, o Presidente Ikeda tem enfatizado que, “Aprendendo um modo de vida através do reconhecimento dos Dez Mundos, poderemos perceber como criar um destino melhor para todas as pessoas e trazer à luz uma filosofia poderosa que ajudará a estabelecer um mundo de humanismo.”
A vida de uma pessoa tem ambos os aspectos, positivos e negativos. Está constantemente se transformando de momento a momento. Quando estivermos conscientes dos vários potenciais e condições de vida, teremos melhores chances de controlar a nós mesmos, ainda que nossas vidas estejam submetidas às constantes mudanças. Através da nossa prática budista podemos obter a sabedoria e a força necessária para elevar a nossa condição de vida dos estados mais baixos, libertando a si próprios de outros futuros sofrimentos. 
Os Dez Mundos não são lugares ou mundos fixos, como expostos pelos sutras e ensinos budistas provisórios, mas são as condições fundamentais de vida que existem dentro de cada pessoa, seja budista ou não. São eles: Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade ou Humanidade, Alegria ou Êxtase, Erudição, Absorção, Bodhisattva, e Estado de Buda ou Iluminação. Os sentimentos que surgem dos Dez Mundos não são meramente emocionais, espirituais ou meramente físicos. Esses sentimentos manifestam-se do interior do nosso próprio ser ou de nossa própria vida. Ninguém pode ocultar tais sentimentos se estão felizes ou infelizes. Você é capaz de enganar os outros jamais a si mesmo.
O Budismo ensina-nos através da lei de causa e efeito que a prática de bons atos traz-nos recompensas e os maus atos punições. O ato de praticar o Verdadeiro Budismo é a mais elevada causa para as nossas vidas que possibilita nos receber o mais elevado benefício, o Estado de Buda. Este é o motivo básico do porquê recitamos o Nam-myoho-renge-kyo e encorajamos outras pessoas a fazerem o mesmo.
Por outro lado, existem também causas que manifestarão a pior condição, ou seja, O Estado de Inferno. Devemos ser prudentes para evitar essas causas tanto quanto evitamos qualquer punição. Duas das causas mais graves é caluniar a Verdadeira Lei e quebrar a harmonia entre os seguidores do Budismo. Além disso, desde que, cada ser humano possui a suprema condição de vida do estado de Buda, matar ou tirar a vida de uma pessoa é a mais grave ofensa de todas.
O Estado de Inferno é a condição de vida mais baixa dos Dez Mundos. A designação japonesa para “Inferno” é “Jigoku”. Os caracteres “ji” literalmente significa “preso, impossibilitado ou perda de liberdade”. Em outras palavras, o inferno é um estado de vida em que as pessoas sofrem e não podem fazer nada acerca disso e do qual elas não podem fugir. As pessoas que vivem neste estado de vida sofrem a todo momento. No mundo de Inferno, as pessoas não têm a força para influenciar o seu meio ambiente ou as circunstâncias, nem esperança com relação ao futuro, e estão incessantemente sofrendo tanto física como espiritualmente ou ambos. Elas não podem fazer nada que gostariam de fazer, nem mesmo gritar para desabafar suas angústias.


A condição de Inferno está repleta de ira ou indignação, assim como dor e sofrimento. NichirenDaishonin declara: “ A ira é o estado de Inferno ” (END Vol. I, pág. 58 ). Em outras palavras, os sofrimentos do mundo do Inferno são indignações contra as coisas que trazem a agonia - pobreza, guerra, doença, etc... - permanecendo totalmente indefesas para ultrapassá-las. Esta ira incontrolável é inextinguível caracteriza o estado de Inferno.
Em nossas próprias vidas diárias, se cairmos no desespero diante das circunstâncias e acabarmos sendo controlados pelo nosso sofrimento e agonia, então estaremos vivendo no mundo de Inferno.
Em ordem decrescente de localização, ou em ordem crescente de sofrimento, os oito infernos são classificados como segue:
(1) O inferno da regeneração
(2) O inferno dos cabos negros
(3) O inferno de trituração
(4) O inferno de lamentações
(5) O inferno de grandes lamentações
(6) O inferno da chama ardente
(7) O inferno da grande chama ardente
(8) O inferno de incessante sofrimento
Novamente, é importante salientar que estes “infernos” não são lugares específicos, mas sim condições de vida. No Gosho “Carta de Ano Novo”, NichirenDaishonin declara: “Considerando a questão de onde estão o inferno e o Buda, um sutra diz que o inferno está debaixo da terra enquanto que outro diz que o Buda está no oeste. Entretanto, um pensamento cuidadoso esclarecerá que ambos existem em nossos próprios corpos. Tal como o vejo, a razão para isto é que o inferno está no coração da pessoa que insulta seu pai e está também naquela que ridiculariza sua mãe” (END I, pág.413).
Entretanto, ensinos budistas pré-Sutra de Lótus descrevem a angustiante dor do inferno e explana sobre a causa que faz alguém cair neste mundo, eles nunca ensinam o modo de se escapar dele. O Buda Nichiren Daishonin ensina que devido a ambos, o estado de inferno e o Estado de Buda existirem dentro de nós, podemos transformar imediatamente o inferno em Estado de Buda. O Gosho estabelece: “Tanto a terra pura como o inferno não existem fora de nós; ambos residem em nossos próprios corações. Aquele que desperta para esta verdade, é chamado Buda; enquanto aquele iludido por esta questão, é chamado mortal comum. O Sutra de Lótus desperta-nos para esta realidade, portanto aquele que abraça o Sutra de Lótus descobrirá que o inferno é em si a própria terra da iluminação” (MW-2, pág. 239). Quando recitamos o Nam-myoho-renge-kyo não iremos nos sentir desamparados, mesmo estando na condição de inferno; temos a força de elevar a nossa condição de vida e fazer uso dessa situação de sofrimento em nosso próprio benefício. Isso é o que chamamos de “transformar o veneno em remédio” (Hendoku Iyaku).
A vida de Nichiren Daishonin é um perfeito exemplo disso. Após a perseguição de Tatsunokuti, onde quase foi decapitado, Nichiren Daishonin foi exilado na ilha de Sado. Este local onde se estabeleceu era realmente um mundo de inferno. Constantemente passou por provações e falta de alimentos e roupas, a cabana onde viveu oferecia-lhe pouca proteção do intenso frio, e sua vida era ameaçada constantemente por reverendos inimigos daquela área.


Contudo, foi em tais condições desesperadoras que ele escreveu: “Neste momento, eu, Nitiren, sou o homem mais rico de todo o Japão” (END II, pág. 145). Além disso, foi neste lugar infernal que ele escreveu as suas mais importantes escrituras. Mesmo em meio a essas circunstâncias ele continuou escrevendo vários importantes tratados para eternizar o Verdadeiro Budismo e incentivar os seus discípulos, manifestando deste modo o Estado de Buda das profundezas do mundo de inferno.
Portanto, Nichiren Daishonin mostra-nos claramente que se vivermos baseados no espírito do Verdadeiro Budismo, não importando o que, poderemos manter uma condição de vida elevada e livre dos sofrimentos, não importando também quão severa a nossa situação possa ser. Ele disse uma vez : “Genericamente falando, uma pessoa pode desenvolver sua capacidade somente ultrapassando as dificuldades. A menos que você passe pelas dificuldades e tempestades de obstáculos, não poderá treinar a sua mente ou polir a sua vida.” Durante toda a vida os Dez Mundos ou os Dez Estados de Vida mudam constantemente entre si. Ninguém pode evitar o estado de Inferno e nem mesmo o Estado de Buda através da nossa prática ao Gohonzon, podemos transformar todas as experiências, mesmo nosso sofrimento e agonia, em causas para a felicidade e realização nesta vida e por todas as três existências.
Fonte: T.C. nº 254 págs. 37 a 41.
Seleção de texto: Doralice e Paulo Bruno. 6/4/97.



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