Os quatro sofrimentos
Budismo

Os quatro sofrimentos


Edição 2107 do Jornal Brasil Seikyo

“O que torna o nascimento, o envelhecimento, a doença e a morte um sofrimento é o apego ao externo.”

Os quatro sofrimentos, de acordo com o budismo, são nascimento, doença, envelhecimento e morte. O budismo surgiu para encontrar uma solução para essas questões. E essa resposta é fundamental para a conquista da felicidade absoluta. Entenda o porquê.

O príncipe

Os quatro sofrimentos estão ligados à origem do budismo. Sakyamuni, o fundador do budismo, nasceu como príncipe herdeiro do clã Sakya, há mais de dois mil e quinhentos anos, nas colinas ao sopé do Himalaia, na Índia. Sua mãe morreu após seu nascimento e ele foi criado pela tia. 

A busca pela eternidade

Apesar de viver em meio à riqueza, Sakyamuni possuía inteligência e sensibilidade aguçadas e começou a refletir constantemente sobre o significado da vida e do mundo procurando uma verdade eterna.

Os quatro portões

Ao sair do palácio em quatro ocasiões, Sakyamuni encontrou no portão leste um homem idoso; no portão sul, uma pessoa doente; no portão oeste defrontou-se com um cadáver; finalmente, saindo pelo portão norte, encontrou um asceta religioso. Esses encontros foram determinantes para sua decisão de renunciar ao mundo secular.


Os quatro sofrimentos

O homem idoso, o doente e o cadáver representavam os sofrimentos de envelhecimento, doença e morte, que ao lado do nascimento, ou da própria vida, são chamados de quatro sofrimentos. O nascimento representa o início da manifestação cármica; a doença, a agonia; o envelhecimento, a solidão; e, a morte, o medo. Esses sofrimentos são inerentes à vida


A busca por respostas
 
Sakyamuni, ao se confrontar com o nascimento, o envelhecimento, a doença e a morte compreendeu o vazio do desejo e percebeu que tudo estava sujeito a mudanças. Em consequência, ele renunciou ao modo de vida no qual havia crescido e embarcou numa busca por respostas.


A iluminação

Como resultado, quando estava com aproximadamente trinta anos, Sakyamuni meditava sob uma árvore numa localidade, posteriormente conhecida como bodhigaya. Ali, finalmente ele atingiu a iluminação, tornando-se o Buda ou o “Iluminado”, encontrando a chave para a questão dos quatro sofrimentos.

A Lei Mística
 
Os quatro sofrimentos da vida são causados pelo pensamento de que a pessoa existe separada do universo, sendo possível viver de forma egocêntrica, baseada nos apegos pessoais e guiada pela indiferença em relação ao sofrimento alheio. 


Ao basear sua existência na vida cósmica que eternamente permeia o imenso universo, é possível transformar os quatro sofrimentos em quatro nobres virtudes do Buda — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza. A finalidade dos ensinos de Sakyamuni era esclarecer esse único ponto.

Por que quatro sofrimentos?

O que torna o nascimento, o envelhecimento, a doença e a morte um sofrimento é o apego ao externo. Os quatro sofrimentos provocam a separação e a mudança de tudo que é mutável. Se a pessoa basear sua vida em fenômenos mutáveis, sempre viverá num impasse e sofrerá.

Foco no correto

A causa fundamental desse impasse é que o foco das pessoas está totalmente direcionado para o mundo material e externo, deixando de voltar a atenção para sua vida interior. Antes de mais nada, elas desviam seus olhos dos sofrimentos universais de nascimento, envelhecimento, doença e morte, os quais constituem os problemas fundamentais da existência humana.

Morte: fato imutável
 
Na verdade, não há nada mais certo do que o fato de que um dia iremos morrer. Excluindo isso, tudo é incerto e sujeito a mudanças; somente a morte é imutável. Ainda assim, as pessoas tentam se desviar desse fato imutável. (...) a vida daqueles que carecem de uma correta compreensão sobre a vida e a morte é igual à grama sem raízes. Não há dúvidas de que sem uma perspectiva sobre a morte é impossível levar uma vida estável, firmada numa sólida base.


Uma base sólida
 
Como os quatro sofrimentos são imutáveis e todas as pessoas, sem exceção, passam por eles, a vitória sobre eles significa centralizar a vida numa base sólida — e não em fenômenos transitórios e mutáveis.


Por que a resposta é importante?
 
Responder a essas questões leva ao despertar do verdadeiro e profundo significado da existência. E corrige o interior da pessoa colocando-a no ritmo essencial do universo.


A alegria de estar vivo
 
Ser derrotado interiormente significa ignorar os quatro sofrimentos. A alegria por simplesmente estar vivo provém da resposta que se obteve a essas quatro questões. 


O caminho direto para a iluminação
 
Vencer os quatro sofrimentos significa se tornar um buda construindo um eu interior inabalável. Como todas as pessoas enfrentarão essas questões, todos têm condição de atingir o estado de Buda.


O apego é a causa do sofrimento
 
Mesmo que a pessoa desfrute de riqueza material, boa saúde, harmonia familiar, se interiormente a vida não fluir de acordo com a resposta para os quatro sofrimentos, ela sofrerá com o apego por suas conquistas.


O curso da vida
 
Esses quatro sofrimentos revelam o aspecto real do curso da vida e cada um possui um profundo significado e valor. Daishonin afirma que o ato de nascer e viver equivale ao ouro. Entretanto, as pessoas são derrotadas facilmente pelas dificuldades, perdem a alegria de viver e se arrastam como se estivessem carregando um fardo tão pesado quanto o chumbo. 


Não fuja da própria sombra
 
Buscar a solução dos quatro sofrimentos no poder, na riqueza e na fama, acreditando serem eles a chave para se libertar da realidade da vida, é como tentar fugir da própria sombra. Essa atitude reflete a carência de uma verdadeira filosofia de vida.


Budismo: um caminho humanista
 
O antropólogo Prof. Nur Yalman, da Universidade de Harvard, considera que os conceitos primordiais do budismo estão essencialmente em acordo com as pessoas. Segundo ele, todas elas têm de lidar com os quatro sofrimentos não obstante o poder, a riqueza e a fama que possam acumular. 


Num diálogo com o presidente Ikeda, ele disse: “Somente o budismo confronta essas urgentes questões da condição humana e proporciona respostas claras e profundas que todas as pessoas conseguem aceitar e realmente colocar em prática na sua vida.” 

O Sutra Lótus
 
O Sutra de Lótus (...) pode abrir os olhos das pessoas. Somente quando compreendemos as questões da vida e da morte é que despertamos para o verdadeiro significado de nossa existência. Quando encaramos a profunda realidade da vida e da morte, percebemos como as nossas preocupações em relação à satisfação momentânea são insignificantes.


Conclusão
 
Superar os quatro sofrimentos de nascimento, envelhecimento, doença e morte não é uma questão teórica. Devemos ir além dessas questões sobre como conduzir uma vida longa, saudável e realizada e como morrer sem sofrimento. O budismo ensina a ter a sabedoria para conseguir isso.



Fonte: Todas as citações do presidente Ikeda constam no BS, edição nº 1. 553, 22 de abril de 2000, p. 3.



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