A Senda da Budeidade e as efêmeras
Budismo

A Senda da Budeidade e as efêmeras









Uma questão sempre colocada aos budistas é de qual a posição frente sua classificação como ateus, crentes, agnósticos ou seja lá mais o que. Para mim a classificação dos budistas individualmente não é o mais importante, e sim a sua postura frente ao Dharma, no percorrer da senda individual da obtenção da budeidade.

Assim como a figura retórica dos diversos renascimentos é utilizada para representar as diversas existências nos dez mundo-estados, também irei retórica e analogamente comparar os quatro últimos passos nessa senda, (A Nobre Via do Caminho Espiritual - Veículo do Despertar) com os quatro estados evolutórios do ciclo de vida das borboletas:

O Sharavaka-yana (shomom ou ouvinte) pode ser comparado ao estágio de ovo/fase pré-larval, no qual os seres enfrentam a necessidade de ouvirem, serem instruídos, crerem em certos conceitos e desacreditarem de outros; sejam esses conceitos sobre deidades, rituais, crenças religiosas, posturas filosóficas, morais etc.

Ao Pratiekabuddha-yana (engaku ou absorção) podemos relacioná-lo à fase da vida da borboleta como lagarta, na qual assim como o inseto absorve o máximo possível de alimentos a fim de se preparar para a próxima fase, os seres humanos se dispõe a absorver o máximo possível de conhecimento da lei, através da meditação, estudo e outras práticas. Nesse estágio é geralmente adotada uma postura agnóstica, investigativa (skepsis) baseada na praxis que se divide em seis pontos:

atenção; 
observação; 
análises; 
dedução/hipóteses;
prática/utilização;
reflexão.

Já ao Bodhisattva-yana (ser apto a atingir a iluminação ou bosatsu) faço um comparativo com a saída da borboleta de sua crisálida, quando ainda suas asas encontram-se murchas e contraidas, e, assim como os dois últimos estados, Bodhisattva-Yana e Buddha-yana, são separados únicamente pela superação das cadeias do ego, a borboleta, depois de sua transformação dentro a crisálida, ainda não liberta para voar, se livra das cadeias do impedimento de alçar voo, através do rompimento da mesma e do bombeamento do seu fluído corpóreo próprio (seu autoconhecimento) e finalmente apta à travessia, como nós, que mesmo transformados pelas práticas, encerra seu ciclo efêmero de existência ainda com a postura de seus ovos, o que se compara à nossa contínua permanência no samsara e disseminação de outros seres, que embora portadores da essência do estado de buda, serão aptos ou não a trilhar, como seus antecessores, a senda da budeidade em busca de Anuttara Samyak Sambodhi, a iluminação perfeita sem superior, que para nós, assim como às efêmeras



a total libertação, devido à nossa tão igual; ínfima; passageira e mal aplicada existência perante ao Dharma, é de quase impossível obtenção.

Portanto também que nos sirva como analogia, tal qual o completo ciclo de vida das borboletas, a elas se presta, através do nascimento, transformação e emersão do cásulo, para sua libertação afinal das cadeias que a aprisionaram nesse período breve como: ovos; lagarta; crísalida e um ser completo, porém com suas asas murchas, à existência ligada à terra, que o veículo mais rápido e eficiente, para a obtenção da budeidade, nossa libertação das cadeias do sansara, deva ser o veículo único (os três veículos superiores condensados em um só), como nos é declarado no Maravilhoso Dharma do Sutra da Flor do Lótus, O MyoHo Renge Kyo.

Namu MyoHo Renge Kyo _/|\_

por fernando pizzocaro

Imagens do Site  http://paulmirocha.com/projects/butterflies-any-questions/#.UVYs6jeR1dg e
planeta invertebrados de André Benedito.



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