Budismo
Espírito de Kansai II
Na reunião de palestra do nosso Bloco Caiçara, da Comunidade Paraty, fui surpreendido pelo relato do meu filho Diego e gostaria de compartilhar com vocês...
Ariel Aricci.
Chegou a minha vez de demonstrar um pouco da minha gratidão ao Gohonzon, escrevendo meu primeiro relato de experiência. Para quem não me conhece, meu nome é Diego, tenho 25 anos, e sou praticante há 12 anos. Nesse período tive muitos altos e baixos na minha prática, mas nunca deixei de ter no meu coração a certeza de que a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo é a fonte vital para mim.
No início do ano passado, estava trabalhando como garçom em Trindade (vila de Paraty). Um lugar maravilhoso, onde a exuberância da natureza prevalece em qualquer canto da vila. Tinha acabado de sair de um emprego estável para poder aproveitar um pouco mais a vida! Estava muito bem, pois era alta temporada, tinha muitos turistas e o sol e o calor ajudavam muito a vender.
Mas chegando ao término da temporada comecei a notar que a praia ficara deserta, e com isso não recebia mais os 10% que eram minha fonte de renda. Começou então a bater um desespero, pois tinham várias contas a pagar e não tinha de onde tirar dinheiro. A princípio pensei em voltar a Paraty e aceitar qualquer emprego para poder me estabilizar.
Mas foi quando percebi que não sou qualquer um, sou um buda, e que não deixaria as circunstâncias me levar, e sim, determinaria no que e como queria trabalhar.
Comecei então a orar fervorosamente ao Gohonzon com o objetivo de conseguir um trabalho bem remunerado, registrado, com vários benefícios e principalmente que pudesse ter folga nos fins de semana e feriados. Quando dizia isso aos meus amigos, todos riam e diziam que em Paraty isso era impossível.
Mas não dei ouvidos e continuei com meu objetivo, pois sabia que não há oração sem resposta.
Após algumas semanas, Leandro, o vendedor da Ambev da região, veio falar comigo e perguntou se conhecia alguém que gostasse de trabalhar como vendedor. Na hora disse que eu gostaria, mas ele respondeu que não poderia, pois não tinha prática e, principalmente, não tinha habilitação, fatores esses que eram requisitos essenciais para entrar na empresa.
Então disse ao Leandro: “marque uma entrevista para mim que do resto eu cuido”.
No primeiro momento ele não quis, pois dizia que não havia possibilidade de quebrar as regras. Mas insisti novamente e ele ligou e marcou um dia com a responsável do RH, mas não mencionou que eu não tinha habilitação. Após desligar o telefone agradeci e disse que seria um prazer sermos parceiros no serviço. Ele não acreditou, riu e foi embora.
O emprego era do jeito que eu queria, não trabalhava aos domingos e nos sábados só na parte da manhã. O horário era perfeito e o salário ideal. Chegando em casa contei aos meus pais e com profunda gratidão abri o oratório e pusemo-nos a orar daimoku. Sabia que com daimoku eu podia tudo!
Todo dia orava com muita vontade e gratidão, e já tinha certeza que estava dentro da empresa. Mas sabia que seria muito difícil e que obstáculos apareceriam no caminho.
Chegado o dia da entrevista, fui para a empresa e chegando lá tinha outros concorrentes. Tivemos que fazer uma prova escrita e depois uma oral. Sempre recitando daimoku mentalmente, me saí muito bem.
Voltei para casa e depois de alguns dias o gerente da empresa ligou querendo fazer uma entrevista comigo. Até então não tinha mencionado nada da habilitação.
Na entrevista, por mais nervoso que estivesse, me saí muito bem mas no final ele perguntou sobre a CNH, então disse que não tinha. Ele me disse então que tinha gostado de mim, mas que não poderia quebrar as regras da empresa e que não poderia contar comigo.
Para qualquer pessoa, isso seria uma derrota e motivo de frustração, mas para mim foi uma lenha a mais para alimentar o poder do meu daimoku. Vi que seria meu grande desafio naquele momento. Então, orei cada vez mais, agradecendo por esse desafio.
Duas semanas depois toca meu telefone, e o gerente da empresa se apresenta e me pergunta se eu toparia trabalhar de ônibus e com todas as despesas pagas até eu tirar a habilitação. Obviamente aceitei e, no fim da conversa, ele me disse que nunca antes na história da empresa havia sido quebrada uma regra de tamanha importância e que eu era um felizardo.
Tive, mais uma vez, a prova de que recitando o Nam-myoho-rengue-kyo com fé tudo posso.
Em nenhum momento duvidei se daria certo ou não, tive sempre a certeza que seria mais um desafio vencido na minha vida. Hoje faz um ano e meio que estou na empresa e, desde o primeiro momento, sempre venho me destacando entre os melhores vendedores.
Agradeço ao meu pai e à minha mãe do kossen-rufu, por toda determinação e, principalmente, ao mestre Ikeda por todas as orientações para eu praticar corretamente e receber os frutos desta prática maravilhosa.
Diego Bastos Ricci
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