Sobre o capítulo XXVIII - O Incentivo do bodhisattva Universalmente Meritório (Samantabhadra)
Budismo

Sobre o capítulo XXVIII - O Incentivo do bodhisattva Universalmente Meritório (Samantabhadra)



Samantabhadra






Nesta postagem tentarei desenvolver e transmitir uma interpretação básica da mensagem contida no primeiro parágrafo do Capítulo XXVIII – O Incentivo do bhodhisattva Universalmente Meritório (sânscrito: Samantabhadra ; Japonês 普賢菩薩 - Fugen Bosatsu ), quanto ao tema PARAMITAS, é nesse parágrafo que o Buddha dá maior ênfase a essa exortação. Para isso estarei destacando as partes mais significativas do tema em amarelo, para seguidamente aos textos fazer as interpretações pertinentes em (itálico entre parênteses) com os caracteres grafados em vermelho.

Mas antes de tudo quero esclarecer algo que muitas vezes foge do entendimento da maioria das pessoas que lêem o Sutra do Lótus pela primeira vez, ou são iniciantes nas práticas do budismo Mahayana. Em primeiro lugar existe uma polêmica muito grande entre as escolas Theravada e Mahayana, sobre a validade do Sutra do Lótus, como ensino realmente pregado pelo Buddha Shakyamuni, em segundo a interpretação real das figuras dos Bodhisattvas.

As escolas Theravada, em grande parte, não aceitam o culto às figuras dos Bodhisattvas (Ex. Kanzeon Bosatsu, Avalokitesvara; Miroku Bosatsu, Maitreya; Monju Bosatsu, Manjushiri ; Fugen Bosatsu, Samantabhadra; entre outros), eu também particularmente não desenvolvo em minhas práticas “um culto” especial às figuras dos boddhisattvas, mas sim “um cultivo mental” às virtudes que eles representam”; essa prática de culto aos bodhisattvas como personagens humanas, deificadas após sua extinção, surgiu nas várias denominações mahayana e também no budismo tibetano (mantraiana), devido ao sincretismo religioso, principalmente nas seitas do budismo mahayana japonês, aonde esse sincretismo com o xintoísmo (religião primordial do Japão) é muito forte, mas podemos também notá-lo em várias seitas theravadas do sul da Ásia.

Porém aqueles que realmente querem se dedicar ao estudo do Sutra do Lótus devem ter em mente o seguinte:

- A linguagem do Sutra do Lótus além de ser dotada de belezas poética e filosófica muito grandes, é também, desde o seu título e do primeiro ao último capítulo,  “totalmente cosmológica”, portanto devemos enxergar sob esse prisma o significado de cada figura, idéia, conceito , parábola, metáfora, entre outros meios expeditos utilizados pelo Buddha como forma de transmitir-nos esse ensinamento tão profundo e complexo que é a mensagem do Sutra do Lótus.

- As figuras dos bodhisattvas devem sempre ser associadas ao seu real significado que é a do "estado de existência" que eles representam; “BODHISATTIVA” que é o penúltimo dos dez estados de existência (inferno, fome, animalidade, ira, tranquilidade, alegria, erudição, absorção, bodhisattva, buddha).

Quanto ao bodhisattva Samantabhadra, ele é conhecido como um dos príncipes dos bodhisattvas e juntamente com Manjushiri, é denominado como o “guardião” do Sutra do Lótus. Samantabhadra é comumente representado por uma figura humana masculina, sentada sobre um elefante branco de seis presas, que tem por significado a força e o poder (características associadas ao elefante) da aplicação na vida e na propagação do Sutra do Lótus, das seis paramitas: dana paramita, generosidade, doação; sila paramita, virtude, moralidade, conduta apropriada; shanti paramita, paciência, tolerância, auto-domínio, aceitação, resistência; virya paramita; energia, diligência, vigor, esforço; dhyana paramita; meditação, concentração, contemplação; prajna paramita, sabedoria transcendental “insight” (representadas pelas seis presas desse elefante).

Em uma próxima postagem estudaremos as outras mensagens implícitas nesse capítulo, que é recheado de significados relativos ao desenvolvimento da prática Sutra do Lótus em nossas vidas e dos demais seres do universo. Por agora destacarei somente o aspecto das paramitas, para não tornar a matéria ainda mais complexa e quiçá cansativa.

Capítulo Vigésimo Oitavo: O Incentivo do Bodhisattva Universalmente Meritório(Samantabhadra)

Nessa altura o Bodhisattva Universalmente Meritório, conhecido pelos seus poderes transcendentais, dignidade e virtude, acompanhado por um imensurável, ilimitado e indescritível número de grandes bodhisattvas, chegou da região Este. As terras por onde ele passou tremeram e abanaram, caíram chuvas de flores de lótus e soaram imensuráveis centenas, milhares, dezenas de milhares, milhões de diferentes musicas. Além disso, inúmeros seres celestiais, dragões yakshas, gandharvas, asuras, garudas, kimnaras, mahoragas, seres humanos e não humanos, rodeavam-no numa grande assembléia, cada um dando mostras da sua dignidade, virtude e poderes transcendentais. Quando[o Bodhisattva Universalmente Meritório] chegou ao Monte Gridhrakuta no mundo Saha, inclinou a sua cabeça até ao chão em obediência ao Buddha Shakyamuni, deu sete voltas em seu redor da esquerda para a direita e disse ao Buddha: "Honrado Pelo Mundo, quando eu estava na terra do Buddha Rei Acima da Jóia da Dignidade e da Virtude (Ratnategobhyudgata), desde longe ouvi o Sutra do Lótus sendo pregado neste mundo Saha. Na companhia desta multidão de imensuráveis, ilimitadas centenas, milhares, dezenas de milhares, milhões de bodhisattvas vim para o ouvir e aceitar. Rogo que o Honrado Pelo Mundo o pregue para nós. Os bons homens e boas mulheres no período após o Tathagata se ter extinguido - como poderão eles ouvir o Sutra do Lótus?" O Buddha disse ao Bodhisattva Universalmente Meritório: "Se bons homens ou boas mulheres reunirem as condições necessárias após o Tathagata ter entrado em extinção, então serão capazes de obter este Sutra do Lótus. Primeiro, deverão estar protegidos e mantidos em mente pelos Buddhas. Segundo, deverão plantar raízes de virtude. Terceiro, devem atingir o estado em que estão seguros de alcançarem a iluminação. Quarto, devem conceber a determinação de salvarem todos os seres viventes. Se os bons homens e as boas mulheres reunirem estas quatro condições, então após a extinção do Tathagata obterão seguramente este sutra. (nessa parte O Buddha da destaque à importância de aplicarmos em nossas vidas quatro das seis paramitas: ) " Nessa altura o Bodhisattva Universalmente Meritório disse ao Buddha: "Honrado Pelo Mundo, na era malévola e corrupta dos últimos quinhentos anos, se houver alguém que aceite e promova este sutra, eu o guardarei e protegerei, libertando-o do declínio e da dor, velando para que alcance paz e tranquilidade, e garantindo que ninguém o espie e se aproveite das suas ações, nenhum demônio, filho ou filha de demônio, servo do demônio, ou possuído por demônios, nenhum yaksha, rakshasa, kumdhanda, pishacha, kritya, putana, vedata ou outro ser que atormente humanos será capaz de se aproveitar dele. " (aqui o próprio bodhisattva nos indica o uso da sila paramita, através da aceitação do sutra, e da virya paramita, pela diligência em promover o sutra, como mecanismos eficazes para alcançar a paz e tranquilidade de uma mente livre de demônios e da ira provocada por ações inapropriadas de outras pessoas) Quer essa pessoa esteja parada ou a andar, se ler e recitar este sutra, então eu montarei o meu elefante branco real de seis presas e com a minha multidão de grandes bodhisattvas irei até onde ele estiver. Manifestar-me-ei, oferecerei esmolas, guardando-o, protegendo-o e confortando a sua mente. Farei isto porque também eu quero oferecer esmolas a ao Sutra do Lótus. Se quando essa pessoa estiver sentada pensar neste sutra, nessa altura eu montarei o meu elefante branco real e manifestar-me-ei na sua presença. Se essa pessoa esquecer uma única frase ou verso do Sutra do Lótus, eu ajudá-lo-ei e juntar-me-ei a ele na leitura e recitação de modo a que ele compreenda. Nessa altura, a pessoa que aceitar, promover, ler e recitar o Sutra do Lótus será capaz de ver o meu corpo, ficará repleta de alegria e aplicar-se-á com mais diligência do que nunca. (por sua vez esta parte do texto revela que através da aplicação total e constante das seis paramitas, duas vezes aqui citadas como a aparição do bodhisattiva montando o “elefante branco de seis presas” , será capaz de incorporá-las a si mesmo permanecendo no ESTADO DE BODHISATTVA, e assim se tornar capaz de aplicar-se com mais diligência que nunca, em atingir o sublime caminho, que conduz ao objetivo final de todo budista “a iluminação”)




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- Fugen Bosatsu
Tesouro Myoho-in (Sanjusangendo) em Kyoto século 12, madeira, escaneado do catálogo do templo Fugen é muitas vezes representado sobre um elefante com seis presas, estas representam o apego aos seis sentidos, o elefante simboliza o poder do budismo...

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