Estado de Tranquilidade
Budismo

Estado de Tranquilidade


"Um tratado diz: “ Ser calmo é Nin ”. Esta é uma condição em que a pessoa pode controlar temporariamente seus impulsos e desejos através da razão. Assim, a pessoa passa a ter uma vida calma e em harmonia com o seu meio, que inclui as outras pessoas e o ambiente.
O homem pode ser definido de vários ângulos, mas o Budismo define o homem como um ser no mundo de “ Nin ” (Tranqüilidade). Em resumo, este estado humano Nin é “manusa” em sânscrito, significando “seres pensantes”. Uma passagem de “ Risso Abidonron” diz: “Há oito componentes da propriedade do homem: sagacidade, carácter pessoal, consciência humana, julgamento são, sabedoria, habilidade de distinguir o verdadeiro do falso, ser mais provável para atingir a iluminação, e repleto de causa do passado. Portanto, este caminho humano é chamado “manusa”. A razão, a faculdade contemplativa, a sabedoria e outras estão todas incluídas nestas propriedades que envolvem o homem. Como resultado, podemos compreender que 
Nichiren Daishonin definiu como Tranqüilidade, baseando-se nesta interpretação.

Nin ou tranquilidade pode parecer a condição mais pacífica, calma e passiva dentre os Dez Mundos. Os Três Piores Caminhos e os Quatro Maus Caminhos são mundos em conflitos, o “Ten” ou alegria é também um estado ativo em que a espiral da alegria está no seu ponto alto. Todas estas condições de vida são consideradas extremamente dinâmicas.
Quando pensamos e analisamos sobre a nossa vida diária, vemos que esta compreende não somente algumas das notáveis ondulações das nossas emoções, mas também momentos muito calmos ou pacíficos. Invariavelmente todos experimentam estados temporariamente sossegados e tranqüilos ao longo do dia, mesmo que passem a maior parte do tempo sendo controlados e influenciados pelas mudanças caleidoscópicas do ambiente. Nin é a expressão mais apropriada para descrever os casos em que estamos lendo um jornal após retornar ao lar do serviço ou uma agradável conversa familiar em meio a uma xícara de café.

Esta condição de Nin, contudo, pode mudar-se instantaneamente nos Três Piores Caminhos ou nos Quatro Maus Caminhos pelo mais leve desvio de nossas circunstâncias. É essencial, portanto, que conservemos e mantenhamos continuamente as nossas identidades imunes de tais mudanças fenomenais. Devemos refletir ou pensar profundamente sobre nós mesmos enquanto penetramos na sociedade. Então, é possível fazermos decisões precisas sobre vários assuntos. Por outro lado, podemos sublimar este estado de Nin vendo através da sua verdadeira natureza e cultivando-nos para condições mais elevadas e mais superiores.

Este estado está colocado numa posição central no conceito dos Dez Mundos. Isto porque o Budismo ensina que este mundo de Nin é a condição mais fundamental que tem a possibilidade de se mudar em qualquer um dos outros mundos. O mais importante para nós é melhorarmos e desenvolvermos este estado transitório de Nin para uma condição de energia vital carregada com um brilhante e eterno fluxo de sabedoria. Aqui está a prática da fé no Budismo.
De certo modo, é extremamente difícil perceber a nossa vida e a sociedade tais como são e agir corretamente com calma e mente tranqüila Em contraste, é também muito fácil vivermos à mercê dos desejos instintivos e agirmos pelas emoções. Tal estilo de vida, contudo, só pode aumentar a nossa infelicidade.
A fim de desfrutarmos de uma vida tranqüila digna de um ser humano, os pré-requisitos devem ser razão, uma aguda visão baseada em profunda sabedoria, uma pura consciência para discernir o bem do mal, e um férreo desejo de vencer todas as dificuldades. Adicionadas a estas, as condições intrínsecas para avançar são: a vontade para se desenvolver em direção ao futuro, os sentimentos humanos e outros.

Certamente, no mundo em que vivemos os valores estão se tornando cada vez mais diversos. No entanto, o ser no estado de tranquilidade tem de ter uma espécie de fundação, ou base, para a existência. Quando ele tem alicerces, pode levar sua vida em paz. O fluxo da existência é suave e o tempo subjetivo passa firme e pacificamente. No estado de Tranquilidade, as energias da vida estão sob considerável controle. A não ser que alguma coisa saia errada, por exemplo, somos virtualmente inconscientes das funções do nosso corpo. No nível espiritual, é necessária grande dose de emoção reprimida ou um grande desejo de perturbar a nossa compostura para que ajamos movidos pelo descontentamento e insatisfação. Tranquilidade é, no todo, um admirável estado."
Fonte: T.C. nº 269 pág 47 e 48 de 01/91
Seleção de texto: Doralice e Paulo Bruno. 17/5/97
Digitação - Paulo Bruno.




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