O DHAMMAPADA - VERSOS GÊMEOS OU CAMINHOS OPOSTOS - YAMAKAVAGGA
Budismo

O DHAMMAPADA - VERSOS GÊMEOS OU CAMINHOS OPOSTOS - YAMAKAVAGGA





Nesta matéria assim como em outras próximas, estarei publicando as vinte e seis seções do Dhamapada, na minha opinião uma das mais belas formas da transmissão do Dharma.

Como os ensinamentos do Iluminado transmitidos pelo Dhamapada são bastante simples e explícitos vou me abster de tecer longos comentários ou discorrer demoradamente sobre o significado dos diversos versos ou seções da obra.

Que todos possam desfrutar da melhor maneira possível esse belos, profundos e essenciais ensinamentos budistas.




I

VERSOS GEMEOS OU CAMINHOS OPOSTOS - YAMAKAVAGGA

1. Todas as coisas são precedidas pela mente, guiadas pela mente. Tudo o que somos hoje é resultado do que temos pensado. O que pensamos hoje é o que seremos amanhã; nossa vida é uma criação da nossa mente. (1) Se um homem fala ou age com uma mente impura, o sofrimento o acompanha tão de perto como a roda segue a pata do boi que puxa o carro.

(1) Como diz Milton (1608-74): "A mente pode transformar o inferno em céu, ou o céu em inferno." "Um provérbio sânscrito diz que o cativeiro ou a liberdade do homem dependem do estado de sua mente."

2. Tudo o que somos hoje é o resultado do que temos pensado. Se um homem fala ou age com a mente pura, a felicidade o acompanha como sua sombra inseparável.

3. Ele me insultou. Ele me maltratou. Ele me rebaixou. Ele me roubou. Os que abrigam tais pensamentos não se libertarão do ódio e do ressentimento.

4. Ele me insultou. Ele me maltratou. Ele me rebaixou. Ele me roubou. Não há ódio nem ressentimento para os que jamais dão guarida a tais pensamentos.

5. O ódio jamais é vencido pelo ódio. O ódio só se extingue com o amor: esta é uma lei eterna.

6. Muitos não sabem que estamos neste mundo para viver em harmonia, esquecendo-se de que morrerão um dia. Para os que meditam nisso, não há divergências e a vida se torna mais branda.

7. Aquele que vive somente à procura de prazeres, ocioso, descontrolado nos sentidos, intemperante na alimentação, é dominado por Mâra (2) (tentação), como as árvores fracas são derrubadas por uma ventania.

(2) Mâra: no Budismo, é a personificação de tudo o que é mau; corresponde a Satanás.

8. Quem vive com os sentidos bem controlados, sem procurar prazeres, se alimenta com moderação, tem confiança no poder da virtude, não será iludido por Mâra, como uma rocha não é abalada por um vendaval.

9. Indigno é de usar o hábito amarelo aquele que de suas impurezas não se libertou, que não é sincero e que não alcançou o domínio de si mesmo.

10. Mas quem se purificou, controlou os sentidos e firme na virtude permanece, este é de fato digno de usar o hábito amarelo.

11. Aquele que confunde o Real (3) com o irreal (ilusão) e o irreal (4) com o Real, nunca alcançará a Verdade, perde-se no caminho das idéias errôneas.

(3) O Real - Asãre - significa o Caminho Óctuplo (A Quarta Nobre Verdade), que consiste em Moralidade (Sila), Concentração - Meditação (Samâdhi) e Sabedoria - Introspecção (Panna); a verdadeira forma que levará à Realização da Completa Compreensão, ao Nibbana.

(4) Irreal: toda idéia de posse às coisas; idéias e pontos de vista que não são essenciais à vida espiritual.

12. Mas quem reconhece o Real como Real e a ilusão como ilusão com segurança alcançará a Verdade.

13. Da mesma maneira que a chuva penetra na casa mal coberta de palha, as paixões invadem a mente mal vigiada.

14. Da mesma forma que a chuva não penetra na casa bem coberta de palha, as paixões não invadem a mente bem vigiada.

15.O insensato, que age de modo errôneo, sofre neste mundo e no seguinte. Em ambos ele se aflige e se lamenta ao recolher os maus resultados de suas ações impuras. (5)

16. O homem virtuoso, que age bem, é feliz neste e no mundo seguinte; em ambos ele é feliz. Ele se alegra e se rejubila ao recolher os bons resultados de suas ações. (6)

(5-6) Alei da causalidade chega a esta conclusão muito simples: suprimir a causa para suprimir o efeito. A causa é o desejo, que provém da ignorância, que nos faz tomar por real um mundo ilusório: o efeito é o nascimento, a dor e a morte. No sentido budista, estes estados são impermanentes e causados pelo carma.

17. Neste mundo, como no seguinte, sofre o insensato; sofre nos dois. Persegue-o o fruto do mal praticado e seu infortúnio aumenta à medida que avança nas esferas do mal. (7)

(7) Esfera do mal., duggati: há quatro estados de infortúnio: 1) do mundo animal; 2) dos espíritos infelizes; 3) do demônio (Azura); 4) do inferno (Niraya); este último significa um estado de inimaginável dor e infortúnio em qualquer existência ou mundo; não são eternos para ninguém e cessam ao esgotar-se o mal que os causou. Vide nota 47, versículo 306.

18. Neste mundo, como no seguinte, o homem virtuoso se rejubila; é feliz em ambos os estados. Reconforta-o o bem realizado. Maior ainda se torna sua alegria à medida que avança nas esferas da beatitude. (8)

8. Esferas da beatitude, sugati: 1) plano feliz da esfera dos sentidos que compreende o mundo humano e o mundo celestial dos Devas, ou Seres divinos (kama-sugati): 2) plano feliz do deus Brama, tendo forma sutil (rupa-sugati); 3) plano feliz do deus Brama, sem forma (arupa-sugati).

19. Falar muito e recitar os textos sagrados, (9) mas não agir consoante a eles, este incauto assemelha-se a um vaqueiro que só conta o gado alheio não é discípulo do Bem-aventurado.

(9). Textos sagrados, sahintam: refere-se aos textos do Tipitaka (Tripitaka, sânscr.), que estão divididos em 3 cestos: l) Vinaya-Pitaka, reras e disciplina monásticas: 2) Sutta-Pitaka, discursos populares do Buda; 3) Abidhamma-Pitaka, especulações e metafísica da filosofia budista.

20. Falar e recitar pouco os textos sagrados, mas praticá-los, libertando-se da cobiça, da ira e de toda ilusão com verdadeira Sabedoria, com a mente livre dos vínculos deste mundo ou de outro qualquer, na verdade, este homem participa da vida santa!

Fonte:
http://www.radionovoshorizontesfm.com/caminhodoceu/recomendo/dhammapada.pdf

Imagem: Internet Google Images



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